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Irmãos Joesley e Wesley Batista se reúnem com Lula no Planalto pela primeira vez após Lava Jato

Donos da JBS se afastaram da empresa em 2017, após fecharem um acordo de delação premiada na Operação Lava Jato, e retornaram para a administração da companhia em março deste ano

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Foto do author Gabriel de Sousa
Atualização:

BRASÍLIA – Os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da companhia alimentícia JBS, se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto nesta segunda-feira, 27. É a primeira vez que os dois são recebidos na sede do Poder Executivo desde 2017, após fecharem um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), na Operação Lava Jato.

Lula se reuniu com os irmãos Batista no Palácio do Planalto. Joesley, à esquerda, de gravata azul, e Wesley, na primeira cadeira do lado direito  Foto: Wilton Junior/Estadão

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O encontro de Lula e os irmãos Batista nesta segunda-feira ocorreu durante uma agenda com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Brasileira de Frigoríficos. Ao lado do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o presidente discutiu a necessidade de doações de proteína animal para famílias atingidas pela tragédia climática no Rio Grande do Sul.

Joesley e Wesley voltaram ao Conselho de Administração da JBS em março. Os dois são sócios na J&F, holding que tem o controle da JBS. No mês passado, Lula cumprimentou os empresários durante um evento no Mato Grosso do Sul. Na ocasião, o presidente disse que os empresários são os “herdeiros primeiros”, responsáveis por transformar a companhia na “maior empresa de proteína animal do mundo”.

Empresário Joesley Batista, de gravata azul, em reunião com o ministro Carlos Fávaro (Agricultura) e o presidente Lula Foto: Wilton Junior/Estadão

O encontro dos dois com Lula ocorre no momento em que a Lava Jato enfrenta uma nova derrocada. Em dezembro do ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli suspendeu o pagamento da multa de R$ 10,3 bilhões da J&F.

A multa da J&F foi estabelecida após ela assinar um acordo de leniência onde admitiu a prática de corrupção e se prontificou a colaborar com as investigações da Lava Jato. A holding alega que foi coagida a assinar o acordo para “assegurar sua sobrevivência financeira e institucional” e que é preciso “corrigir abusos”.

Irmãos disseram que emprestaram R$ 20 milhões ao PT e grampearam Temer

Na delação premiada formada em 2017, os empresários admitiram o envolvimento do grupo em atos de corrupção e pagamento de propina, no âmbito das investigações conduzidas pela Operação Lava Jato.

Joesley disse que Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda do governo de Dilma Rousseff (PT), era um “abridor de portas da JBS” no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O empresário também delatou que “emprestou” US$ 20 milhões ao PT.

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No ano passado, a 12.ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal absolveu Mantega e o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho das acusações. Segundo a Justiça, as declarações feitas por Joesley são “genéricas e vazias” e não apresentaram provas das ilicitudes cometidas pelos dois.

A delação premiada dos empresários quase derrubou o ex-presidente Michel Temer (MDB), que sucedeu a Dilma. Joesley gravou uma conversa com Temer onde ele aparentemente dava aval para comprar o silêncio de potenciais delatores, como o ex-deputado Eduardo Cunha (PRD). Acusado de obstrução de Justiça, o ex-presidente foi absolvido em 2019.

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