Imagens exibidas na noite desta quarta-feira, 8, pela TV Globo mostram que, conforme revelou o Estadão, o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque afirmou na alfândega do aeroporto de Guarulhos que as joias de diamantes trazidas da Arábia Saudita eram para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. “Isso tudo vai entrar lá para a primeira-dama”, afirmou o ex-ministro ao defender a entrada do pacote sem o pagamento do imposto devido.
O vídeo ainda confirma, conforme também revelou o Estadão, que os servidores da Receita ofereceram a alternativa de declarar os bens como patrimônio do Estado brasileiro, mas a comitiva de Bento Albuquerque declinou. As joias estão estimadas em 3 milhões de euros (R$ 16,5 milhões).
O vídeo exibido pela emissora mostra o assessor Marcos André Soeiro, que portava o conjunto de joias, sendo abordado pelos servidores alfandegários. Inicialmente, ela alega que se tratava de presente para Bento Albuquerque: “É um presente do príncipe regente da Arábia Saudita para o ministro”, disse. Soeiro liga para Albuquerque, que, conforme informou o Estadão, já havia passado pela alfândega. O então ministro retorna à área da Receita no aeroporto para tentar resolver o impasse.
“Nunca resolvi coisa tão grande. Mas quando você vai para um lugar desse, o cara chega e vai te dando, quem sofre é quem tem que carregar (...) Depois desse evento, que a gente foi para o aeroporto, o cara chegou lá... Eu ainda assinei o papel dizendo que a gente recebeu”, diz Albuquerque. O relato confirma o que ele afirmou ao jornal. O então ministro representou o governo brasileiro na reunião de cúpula “Iniciativa Verde do Oriente Médio”, realizada na capital da Arábia Saudita.
A TV também exibiu vídeo do primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, enviado em avião da FAB para Guarulhos, tentando reaver as joias na alfândega em 29 de dezembro de 2022. O vídeo mostra que ele alegou que não poderia ficar nada para o próximo governo, como mostrou o Estadão, e que o secretário da Receita Federal, Julio Cesar Viera Gomes, tentou exercer pressão sobre o auditor da Receita Marco Antônio Lopes Santana.
Júlio Cesar telefonou duas vezes para Jairo e pediu para falar com o auditor, que, por sua vez, se recusou a falar ao telefone e disse que não poderia liberar as joias sem o pagamento do imposto devido ou a declaração dos itens como patrimônio da União.
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