O presidente Lula está sendo mais Lula do que nunca; aliás, quanto mais o tempo passa, mais parecido ele fica consigo mesmo. Depois de quinze meses inteiros na Presidência, descobre que o seu governo está indo a pique. Não tinha lhe passado pela cabeça, até agora, a mais remota desconfiança de que o seu navio tinha saído do porto com um rombo de primeira grandeza no casco, sem sistema de navegação e com a proa apontando para a direção errada. Também não admite que alguém lhe diga o que está acontecendo – e a mínima crítica é sempre rebatida com acusações iradas de bolsonarismo, fascismo, golpismo. Mas as pesquisas de opinião, agora, estão mostrando que a viagem é um desastre. Para Lula, o sistema solar não gira em volta do Sol, e, sim, dos institutos de pesquisa – e as coisas só se tornam reais quando eles dizem que são reais. Sua reação, aí, é automática: em vez de consertar a avaria, manda melhorar a “comunicação”. É Lula, mais uma vez, no papel de Lula.
O presidente nunca acha que há algum problema com ele, ou com o que ele faz. Se aparece um desastre, Lula não admite que é um desastre; acha que os subordinados não estão sabendo fazer a “narrativa” que ele quer, e manda imediatamente gastar sabe-se lá quantos milhões de reais em mais uma campanha de publicidade. Já está torrando uma montanha de dinheiro público para fazer propaganda de si mesmo. Mas como não adiantou nada até agora, porque muita gente tem a tendência de acreditar no que vê, e não no que lhe dizem, acha que a propaganda está “errada”. E os problemas reais que estão causando a queda nos índices de aprovação do governo? Lula, mais uma vez, mostra que não tem nenhum interesse em resolver qualquer tipo de problema. A única coisa que lhe interessa são os números da próxima pesquisa, e ele continua convicto que isso se arruma com verba e com “narrativa”.
O Estadão, em editorial recente, observou que não há nenhuma operação de “marketing” que possa salvar um produto que não presta. É aí que está o começo, o meio e o fim do problema. Falam, falam, falam e o que existe, no fim das contas, é o seguinte: o governo de Lula é muito ruim, e já está com o viés apavorante de desabar num Dilma 3. Nunca houve, na verdade, qualquer possibilidade real de alguma coisa diferente. Lula montou uma das piores equipes que já se viu na história deste país, com a agravante de multiplicar o índice líquido de incompetência por 39, e aí não há o que resolva – nem o Arcanjo Gabriel consegue alguma coisa se não tiver um pouco de ajuda. Não apenas os ministros, além dos cardumes de nulidades que se movem abaixo deles, não sabem fazer a coisa certa. Eles querem fazer a coisa errada.
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O resultado visível disso é que Lula e o seu governo não conseguiram até agora oferecer nada que o povo realmente quer. Não dão segurança, escolas que ensinem, crescimento da economia capaz de gerar mais renda para os que ganham menos. Em compensação, oferecem o que o povo não quer: bom tratamento aos bandidos , manifestos a favor dos terroristas do Hamas, combate à “anistia”. A lista, de um lado e de outro, não acaba mais. O melhor (ou pior) resumo dessa ópera pode estar, no momento, na calamidade ambulante que é a ministra da Saúde de Lula. Trata-se realmente de um fenômeno. Ela consegue, ao mesmo tempo, obrigar as crianças a tomarem vacina contra a Covid, que não existe mais, e negar a vacina contra a dengue, que existe mais do que nunca. Assim fica difícil.
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