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Opinião | Lula mostra quem realmente é ao tratar como normal a eleição fraudada na Venezuela

Presidente indica que quer impor ao Brasil, se tiver um mínimo de chance, um regime o mais parecido possível com as tiranias que tanto inveja

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Foto do author J.R.  Guzzo
Atualização:

O presidente Lula, depois de anos a fio de embuste, e de cuidado cada vez menor em esconder quem ele realmente é, sentiu-se enfim seguro para dizer em voz alta a verdade sobre si próprio. Acima de qualquer coisa, gosta de ditadura, é parceiro de ditador e quer impor ao Brasil, se tiver um mínimo de chance, um regime o mais parecido possível com as tiranias que tanto inveja. Mais: com a sua cumplicidade declarada à maciça fraude praticada pelo ditador Nicolás Maduro para roubar as eleições na Venezuela, está fazendo questão de avisar em público que quer a mesma coisa no Brasil. Se ele acha que não aconteceu “nada de mais” na Venezuela e que “a democracia” está em perfeito funcionamento por lá, com mortos nas ruas, perseguição aberta à oposição e discursos histéricos do ditador, por que seria contra o mesmo tipo de golpe no Brasil? Não pode estar certo num lugar e errado no outro. É ele, Lula, quem está dizendo isso.

Lula tem mantido apoio a Maduro mesmo diante das polêmicas sobre a eleição venezuelana  Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

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O presidente da República, mais uma vez, aposta seu futuro na certeza de que o melhor que pode fazer por si mesmo é tratar o brasileiro como idiota. A filosofia, aí, é mentir – vamos dizer qualquer mentira, toda a mentira e só a mentira, sem nenhum vacilo, porque vão engolir. No caso, Lula disse que todo o “processo eleitoral” na Venezuela decorreu na “normalidade”. A oposição e todo o mundo democrático estão dizendo que a eleição foi pateticamente roubada? Calma, diz Lula, está tudo bem: se alguém “não concorda” com os números que Maduro anunciou, e nenhum fiscal independente teve meios de verificar, “é só” apelar para o TSE do próprio Maduro, esperar em paz pela decisão e obedecer a sentença que vier. Qual é o problema? O “conselho eleitoral” da Venezuela é um deboche – ou o “juiz” faz o que lhe mandam, ou vai para a cadeia, se não for coisa pior. Lula acha que “democracia é isso”. Uns ganham, uns perdem, sendo sempre os mesmos que ganham e perdem, e a beleza da democracia está justamente no espírito esportivo dos que são escalados para perder.

As autoridades eleitoras escolhidas por Maduro não tinham sido capazes, três dias após a eleição, de mostrar a ninguém os boletins de votação. Ou seja: os venezuelanos votaram, a ditadura contou os votos num quarto escuro e, a folhas tantas, o governo disse que Maduro tinha ganho com 51% dos votos. Que coisa, não? Lula, o PT e o MST acham que está tudo perfeito – o que mais se poderia esperar do “processo democrático”? A verdade é que publicar ou não publicar as “atas” da eleição não vai fazer diferença nenhuma. A eleição na Venezuela estava mais do que roubada antes do primeiro venezuelano colocar seu voto na urna. A candidata mais popular da oposição foi simplesmente proibida de concorrer. “Inelegível”, decidiu a “justiça eleitoral” de Maduro. Foi apresentada uma segunda candidata, com o mesmo nome da primeira. “Inelegível”, repetiram os “juízes”. Só o terceiro nome foi tolerado, mas não pode fazer campanha, as prisões ficaram cheias de oposicionistas e a primeira candidata, que queria falar para os eleitores, foi proibida de viajar de avião.

Maduro, no final, ameaçou a população com um “banho de sangue” se não fosse declarado como vencedor – e está ameaçando prender, por crime de “fascismo”, quem reclamar do golpe. Que mais faltou? É este, segundo Lula e o seu sistema de apoio, o “processo normal” das eleições. É, também, a ideologia “civilizatória” que comanda o Brasil de hoje. Aqui são condenados a até dezessete anos de prisão baderneiros armados de estilingue que fizeram um quebra-quebra em Brasília. São oficialmente descritos como “golpistas”. Não têm direito à proteção do Código de Processo Penal. É proibido sugerir uma lei de anistia para os crimes que não cometeram. Lá, roubar a eleição na frente de todo o mundo e reprimir protestos à bala, com uma dúzia de mortos até agora, é o exercício pleno da democracia. No máximo, é um “problema interno da Venezuela” - e a gente tem mais é de respeitar os usos e costumes de cada país. O que Lula e a extrema esquerda sob o seu comando estão dizendo, porque se sentem confiantes para dizer, é que todo mundo vai ter de ficar quietinho e obedecer ao resultado que o TSE vai declarar daqui a dois anos para a eleição no Brasil.

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Lula ficou ao lado de Cuba, Rússia e Irã no apoio à fraude de Maduro - mais China, Coréia do Norte e outros paraísos da democracia mundial. Não está ligando a mínima para a folha corrida da turma em que enfiou o Brasil; é junto com esses mesmos, na verdade, que ele quer ficar para sempre. Quem não gostar que vá se queixar no Comando do Exército, no Supremo e no TSE; o último que foi reclamar lá, na eleição de 2022, saiu com uma multa de 22 milhões de reais no lombo, para não incomodar mais a “normalidade democrática”. É isso que Lula está afirmando com a sua declaração de amor à trapa, feita com sangue, do companheiro Maduro.

Opinião por J.R. Guzzo

Jornalista escreve semanalmente sobre o cenário político e econômico do País

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