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Bolsonaro e Valdemar confirmam ex-chefe da Abin como pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro

Ex-presidente sinalizou apoio ao deputado Alexandre Ramagem em evento político em Goiânia; Valdemar confirmou escolha do ex-diretor da Abin menos de duas semanas após operação da PF que investiga espionagem por servidores do órgão

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Foto do author Rayanderson Guerra

RIO – Menos de duas semanas após a Polícia Federal (PF) deflagrar uma operação para apurar crimes de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão Jair Bolsonaro, o ex-presidente confirmou o nome do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da agência de inteligência, como pré-candidato à Prefeitura do Rio.

A sinalização de apoio foi feita durante o 1º Congresso Harpia Brasil, em Goiânia (GO), no dia 27 de outubro. “Ramagem, a princípio, é o nosso candidato no Rio de Janeiro”, afirmou Bolsonaro.

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O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, confirmou ao Estadão nesta quarta-feira, 1º, a escolha de Ramagem para a disputa. De acordo com Valdemar, Ramagem foi o nome escolhido pelo ex-chefe do Executivo com o apoio do governador do Estado, Cláudio Castro (PL).

A decisão do presidente do PL é anunciada no dia seguinte em que, por 5 votos a 2, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerou que Bolsonaro e Walter Braga Netto – nome mais cotado para disputa da capital fluminense – cometeram abuso de poder político e econômico e conduta vedada nas comemorações do Bicentenário da Independência durante a campanha eleitoral de 2022.

Alexandre Ramagem é pré-candidato à Prefeitura do Rio Foto: WILTON JUNIOR

Com a decisão, Braga Netto fica de fora do próximo pleito municipal e abre caminho para que Ramagem, que conta com o apoio dos filhos de Bolsonaro, assuma a pré-candidatura.

A Operação Última Milha deflagrada no dia 20 deste mês colocou Ramagem no centro das atenções do escândalo de monitoramento de políticos, jornalistas, advogados, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e adversários do governo do ex-chefe do Executivo.

Aliado fiel do clã Bolsonaro, Ramagem esteve à frente da Abin durante o período em que os servidores presos teriam utilizado a estrutura estatal para localizar os alvos da espionagem, entre julho de 2019 e abril de 2022. A operação prendeu dois servidores da agência que teria usado indevidamente o sistema de geolocalização de celulares do órgão para coerção.

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Pressionado pela operação da PF, Ramagem disse que as diligências só foram possíveis graças ao “início de trabalhos de austeridade” promovidos durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Em nota publicada nas redes sociais, Ramagem afirmou que o objeto da operação, a ferramenta de monitoramento FirstMile, foi adquirido em 2018, antes do governo Bolsonaro, mas que ao assumir a gestão da Abin determinou uma auditoria interna e encaminhou o contrato do sistema de espionagem para a corregedoria interna da agência. Ele não nega a ação dos servidores.

A Coluna do Estadão já havia mostrado que investigação sobre espionagem ilegal na Abin não derrubou a intenção do PL de lançar a candidatura de Ramagem à Prefeitura do Rio. A cúpula do partido de Jair Bolsonaro avaliou que não há nada que o desabone para a disputa. Ao contrário disso, a aposta é que o escândalo na Agência Brasileira de Inteligência pode até impulsionar o nome dele.

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