Bolsonaro diz que Ramagem ‘paga preço alto’ por ‘ousadia’ de querer governar cidade do Rio

Ex-presidente fez ato público ao lado do deputado federal e pré-candidato à prefeitura da capital fluminense três dias após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, retirar sigilo de áudio investigado pela PF

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Foto do author Rayanderson Guerra
Atualização:

RIO – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira, 18, que o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, “paga um preço alto pela ousadia” de querer governar uma cidade como o Rio.

“O Ramagem, delegado da Polícia Federal, que eu conheci na transição em 2018, já começa a pagar um preço alto pela sua ousadia de querer, pensar, sonhar em administrar uma cidade com respeito, com honradez e com orgulho”, afirmou o ex-presidente durante um ato de pré-campanha na Tijuca, na zona norte do Rio.

Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem em ato de pré-campanha na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadão

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Bolsonaro chegou à Praça Saens Peña, na Tijuca, por volta das 11h. Ele se juntou a Ramagem, ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ao governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e a aliados bolsonaristas em um trio elétrico estacionado em uma das ruas de acesso ao local.

O ato começou com a participação de deputados estaduais, vereadores e lideranças do PL fluminense. Ramagem, Castro e Flávio Bolsonaro adotaram a mesma narrativa de perseguição. Outra estratégia adotada pelo grupo foi voltar a reforçar o discurso ideológico que levou Bolsonaro à Presidência, com declarações contra o aborto, a descriminalização das drogas e a ideologia de gênero.

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A reafirmação de apoio a Ramagem ocorre três dias após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo do áudio de uma reunião em que o ex-presidente, o general Augusto Heleno (então chefe do Gabinete de Segurança Institucional) e o ex-chefe Abin discutem um plano para anular o inquérito das “rachadinhas” – investigação que fechou o cerco a Flávio Bolsonaro, filho “01″ do ex-chefe do Executivo.

Bolsonaro atribui o avanço das investigações a “perseguição” contra ele e seus aliados. Desde que o caso veio à tona, o ex-presidente tem investido na narrativa.

“Quando se fala em 2026, temos que passar por 2024. Todos aqueles que estão ao meu lado sofrem perseguição. Pagam um preço alto por ombrearse comigo. Vocês sabem como somos perseguidos. Até baleia colocam na minha frente”, discursou Bolsonaro a apoiadores.

O governador do Rio, Cláudio Castro, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal e pré-candidato a prefeito do Rio, Alexandre Ramagem em ato da pré-campanha na Tijuca, zona norte do Rio Foto: Pedro Kirilos/Estadão

O ato durou pouco mais de 40 minutos. O ex-presidente ainda cumpre agenda nesta quinta-feira em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Nesta sexta-feira, 19, Bolsonaro volta a se encontrar com Ramagem em Campo Grande, na zona oeste da cidade.

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A três meses das eleições municipais, o atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), aparece com 53% das intenções de voto em levantamento do Datafolha divulgado em 5 de julho. Ramagem vem em seguida, mas com 9% – uma diferença de 44 pontos porcentuais.

Nesta quarta-feira, 17, Flávio Bolsonaro divulgou um vídeo nas redes sociais em que o pai anunciava os compromissos públicos no Rio ao lado de Ramagem nesta semana. A gravação de apoio põe fim às especulações sobre uma possível troca de candidato na disputa pela prefeitura do Rio nas eleições deste ano e é considerado uma vitória de Flávio, o principal articulador da campanha de Ramagem.

O senador é tido como a ponte entre Ramagem e Bolsonaro e o principal defensor da candidatura do aliado. Como mostrou o Estadão, o ex-presidente se irritou com Ramagem após a informação de que a Polícia Federal encontrou o áudio da reunião, mas que o PL pretendia manter a candidatura de Ramagem mesmo com o avanço das investigações que apuram um suposto esquema de espionagem ilegal na Abin.