Bolsonaro pode ser preso após julgamento do STF? Entenda o processo

Primeira Turma da Corte aceitou a denúncia do Ministério Público e fez réus o ex-presidente e sete aliados

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Por Raisa Toledo
Atualização:

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia do Ministério Público nesta quarta-feira, 26, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Foi o segundo dia da análise do caso pelos ministros.

Nesse julgamento, os ministros avaliaram apenas se há indícios de crime como apontado pela Procuradoria Geral da República. O recebimento significa a abertura de um processo penal, em que os denunciados se tornam réus e respondem criminalmente pelas acusações.

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL). Foto: Wilton Junior/Estadão

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Se a Corte decidir aceitar a tese de acusação na quarta-feira, o ex-presidente não será preso. A professora de Direito da Fundação Getulio Vargas São Paulo (FGV-SP) Eloísa Machado explica que a prisão preventiva, antes da condenação transitada em julgado – quando não cabe mais recurso da defesa –, é aplicada em casos específicos.

“Se for necessário para garantia da ordem pública, para garantir a instrução criminal, ou seja, preservar provas, ou ainda para assegurar a aplicação da lei penal na iminência de uma fuga, por exemplo”, enumerou.

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Segundo Marcelo Feller, advogado criminalista sócio do escritório Feller e Pacífico Advogados, não existe correlação entre o recebimento da denúncia e a eventual prisão preventiva do Bolsonaro. A possibilidade de prisão antes da condenação seria aplicável, diz, se ele tentasse atrapalhar o andamento do processo – ameaçando testemunhas, por exemplo – ou desse indicativos de que pode fugir do País.

“Também seria fundamento para sua prisão uma eventual garantia da ordem pública, requisito legal que é genérico. Se fosse para o STF ter decretado a prisão dele sob esse fundamento, já o teria feito”, afirmou.

Já o regime de cumprimento da pena dependeria da condenação. Bolsonaro e os outros sete denunciados do primeiro núcleo são acusados dos crimes de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

“Se considerarmos os parâmetros das condenações impostas pelo STF a esses mesmos crimes, em média 14 anos, é provável que o cumprimento da pena se inicie em regime fechado, já que ela pode ser superior a oito anos de reclusão”, disse Eloísa Machado.

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Confira quais são os próximos passos

A partir da decisão desta quarta-feira inicia-se a fase de instrução processual, em que são coletadas novas provas e apurada a participação de cada um dos envolvidos no caso. Os réus são interrogados, as testemunhas são ouvidas e, no fim, tanto a defesa como a acusação apresentam suas alegações finais, em que apontam seus argumentos de forma resumida.

É quando ocorre, então, o julgamento do mérito do caso em si, em que a Primeira Turma da Corte vai decidir se os réus vão ser absolvidos ou condenados e, se condenados, quais serão as penas fixadas.

Na terça-feira, 25, Bolsonaro acompanhou o julgamento na primeira fileira da sala em que se reuniu a Primeira Turma da Suprema Corte. Na quarta, ele ficou no gabinete do filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no Senado.

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