BRASÍLIA – O diretor-geral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Jean Lima, deve substituir interinamente o jornalista Hélio Doyle, que foi demitido nesta quarta-feira, 18, após compartilhar no X (antigo Twitter) uma postagem com críticas a Israel. A EBC enfrenta disputas internas que culminaram, recentemente, com discussões acaloradas entre seus diretores sobre o conteúdo da programação.
Lima foi presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) e já trabalhou no governo federal como consultor de projetos de políticas públicas na área de educação. O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, disse ainda não ter decidido quem substituirá Doyle.
A demissão de Doyle ocorreu após o Estadão mostrar que, na noite de terça-feira, 17, ele havia retuitado mensagem do cartunista Carlos Latuff com o seguinte texto: “Não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante.” Ao Estadão, o jornalista afirmou que condenava tanto o grupo terrorista Hamas quanto o governo de Israel pelos ataques indiscriminados à população de Gaza.
Divergências na EBC vão da programação ao orçamento
A EBC vem enfrentando uma série de disputas, nos últimos meses. Há brigas, por exemplo, por causa da programação da emissora pública e das prioridades escolhidas na destinação do orçamento.
O Estadão apurou que o superintendente da EBC em São Paulo, José Américo Dias, se desentendeu com a diretora de Conteúdo e Programação, Antonia Pellegrino.
Em recente reunião da diretoria da EBC, na última terça-feira, 17, em Brasília, Dias se queixou de que a emissora tem demorado para divulgar ações positivas do governo Lula e criticou a diretora de Jornalismo, Cidinha Matos. Citou como exemplo o fato de a notícia sobre o arquivamento da ação de improbidade contra a ex-presidente Dilma Rousseff, no caso das pedaladas fiscais, só ter sido transmitida pela EBC depois de outros veículos.
Há cerca de um mês, o superintendente da EBC em São Paulo também fez três indicações para o Comitê de Programação e não gostou do tratamento recebido. Conseguiu aprovar um programa sertanejo e outro de hip hop, mas reclamou de que suas sugestões só entrariam no ar no ano que vem. Pellegrino respondeu que havia uma fila a seguir e ele não não poderia ser privilegiado.
Os dois também já discutiram em outras ocasiões. Roteirista de renome, casada com o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, Pellegrino trabalha no Rio de Janeiro, onde a EBC tem um centro de produção. Ex-deputado do PT, Dias fica na EBC em São Paulo. As reuniões, porém, foram em Brasília.
Ao Estadão, Pellegrino disse que a função de criar, pautar e produzir programas cabe a ela. “Cada um no seu quadrado”, afirmou. “A função do superintendente é representar o presidente da EBC no Estado de São Paulo. Estou aqui com muita dedicação, fazendo o meu trabalho, e quero ser respeitada, assim como respeito todos os meus colegas.” Procurado pela reportagem, Dias não se manifestou.
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