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O jogo da democracia no Brasil e no mundo

A mentira que destrói palácios

Como evitar que cidadãos, movidos por uma mentira, destruam símbolos da democracia?

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Foto do author João Gabriel de Lima

As imagens de destruição em Brasília ainda nos envergonham nos telejornais mundo afora. Elas são reprisadas a cada nova notícia sobre a crise militar no governo Lula. Por aqui o 8 de janeiro começa a sumir do noticiário, em nossa rotina de eventos impactantes quase todos os dias – no Brasil não se morre de tédio. No exterior, o vandalismo contra os palácios dos três Poderes, evento chocante e talvez inédito em democracias consolidadas, segue repercutindo.

A pergunta recorrente que os jornalistas estrangeiros fazem aos comentaristas brasileiros – eu mesmo tive de respondê-la algumas vezes ao longo da semana – é: como uma multidão foi capaz de tamanha violência? E, ainda por cima, motivada por uma mentira?

Um ranking divulgado na semana passada listou os países líderes no combate à desinformação. A campeã é a Finlândia.  Foto: Pixabay

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A mentira que destrói palácios é a da fraude eleitoral. Ela chamou a atenção do mundo em julho do ano passado, quando o então presidente Jair Bolsonaro convocou embaixadores para apontar falhas inexistentes nas urnas eletrônicas. A imprensa estrangeira recebeu o disparate com um misto de incredulidade e galhofa. Enquanto a mídia mundial fazia troça do Brasil, novamente rebaixado à categoria “república de bananas”, a mentira se propagava nas redes sociais – e era levada a sério.

Como evitar que cidadãos adultos, movidos por uma mentira, destruam símbolos da democracia, num ato que ameaça o próprio regime de liberdade? “Não tenho ilusão sobre os que estão radicalizados, não sou esperançosa em relação a isso”, diz a jornalista Amanda Lima, que tem escrito e falado sobre o assunto nas plataformas da CNN portuguesa. “É possível, no entanto, fazer algo em relação à geração que irá às urnas no futuro.”

Um ranking divulgado na semana passada listou os países líderes no combate à desinformação. A campeã é a Finlândia. Lá, a discussão sobre o tema começa na escola. “As crianças aprendem não apenas a identificar a desinformação. A escola mostra como é fácil adulterar conteúdos e produzir fake news”, diz Amanda Lima, entrevistada no minipodcast da semana. Segundo ela, ao reportar os fatos e denunciar as mentiras, o jornalismo funciona como uma vacina contra o vírus do extremismo.

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Os que cobrem o Brasil no exterior têm de explicar a não iniciados um país contraditório. A arquitetura criativa e desconcertante dos palácios de Brasília, exibida na TV, representa o que temos de melhor. Daí o horror quando vândalos destroem a pontapés, marretadas e coices os símbolos de um país que um dia se pretendeu moderno. O combate à desinformação é fundamental para evitar que mais mentiras provoquem mais vergonha, destruição e ameaças autoritárias.

Para saber mais

Mini-podcast com Amanda Lima

Texto de Amanda Lima na CNN de Portugal

Reportagem do New York Times sobre educação midiática

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