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O jogo da democracia no Brasil e no mundo

O jogo sofisticado das pesquisas

Bolsonaro vai usar tática semelhante à de Orbán: congestionar o debate com temas que lhe são favoráveis

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Foto do author João Gabriel de Lima

“As pesquisas eleitorais se sofisticaram e, hoje em dia, não mostram só o resultado do jogo. Elas analisam o esquema tático e revelam quem está fazendo as jogadas certas ou tomando as decisões erradas.” A metáfora futebolística, tão ao gosto de Lula e Bolsonaro, líderes da corrida presidencial, foi cunhada por Felipe Nunes. Diretor do instituto Quaest, o atleticano Nunes – entrevistado no minipodcast da semana – é um craque em analisar as nuances que se escondem por trás dos números.

Na semana que marcou o início oficial da campanha eleitoral, três dos principais institutos – Ipec, Datafolha e o próprio Quaest – divulgaram levantamentos. Lula e Bolsonaro encontraram motivos para comemorar. Lula festejou o placar, que há meses não se mexe. Segundo o agregador do Estadão, o petista segue ganhando de goleada desde abril, com vantagem que varia entre 12 e 16 pontos.

Institutos rastrearam o avanço do presidente entre os evangélicos. Onde há três meses havia um empate técnico, Bolsonaro abriu 24 pontos de vantagem sobre Lula, em números do Quaest. Foto: Washington Alves/Reuters

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Bolsonaro não cresceu, como esperava, entre os que recebem auxílio emergencial, mas pode comemorar um gol. Os institutos rastrearam seu avanço entre os evangélicos. Onde há três meses havia um empate técnico, Bolsonaro abriu 24 pontos de vantagem sobre Lula, em números do Quaest. “Trata-se de um público que foi decisivo para eleger o presidente em 2018, e ele está conseguindo atraí-lo de volta”, diz Nunes.

Ao que tudo indica, Bolsonaro vai usar tática semelhante à consagrada pelo primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán – a quem visitou neste ano em Budapeste e chama de “irmão”: congestionar o debate eleitoral com temas que lhe são favoráveis. Ele quer que o embate contra os adversários Tebet, Lula e Ciro se dê em seu próprio campo.

Firme na “tática húngara”, o presidente carregou na pegada religiosa na abertura de sua campanha, em Juiz de Fora (MG). A centroavante Michelle Bolsonaro foi escalada para levantar a arquibancada e para seduzir uma parte do eleitorado que rejeita Bolsonaro – as mulheres.

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Pesquisas Quaest mostram, no entanto, que há um flanco na “tática húngara”, justamente no público cortejado por Michelle. Grande parte do eleitorado evangélico, especialmente o feminino, rejeita fortemente o discurso favorável à liberação das armas, uma das obsessões do bolsonarismo. “É possível que os candidatos de oposição já estejam se preparando para explorar essa fraqueza”, diz Nunes.

As imagens de revólveres, balas e clubes de tiro publicadas nas redes sociais eletrizam os seguidores habituais do presidente, mas podem ser um gol contra. No passado, a Hungria apresentou times memoráveis em Copas do Mundo, mas sempre acabou, no máximo, com o vice-campeonato.

Para saber mais

Mini-podcast com Felipe Nunes

Agregador de pesquisas do Estadão

Reportagem no Estadão sobre a pesquisa do IPEC

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Reportagem no Estadão sobre a pesquisa da Quaest

Reportagem no Estadão sobre a pesquisa do Datafolha

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