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O jogo da democracia no Brasil e no mundo

Somos mais que uma piada de gravata

Precisamos participar das conversas sérias – e deixar de ser uma piada de gravata amarela

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Foto do author João Gabriel de Lima

“Quem é o cavalheiro de gravata amarela entre os presidentes do Brasil e de Portugal, a ocupar lugar tão nobre no palanque do bicentenário?” Responder a perguntas sobre nosso país faz parte da rotina de quem mora fora do Brasil. Isso inclui identificar Luciano Hang na foto que viralizou no 7 de Setembro – e explicar como o “véio da Havan” se tornou um ícone fashion do bolsonarismo. “Tem piada”, disseram meus incrédulos amigos portugueses.

Portugal organizou vários eventos para celebrar o bicentenário do Brasil. Um tema apareceu de forma recorrente nas conversas sobre nosso futuro: a nova economia verde. As oportunidades na produção de energia eólica e solar perpassaram as mesas do Fórum Independência com Integração, que ocorreu nesta semana em Lisboa. Num evento anterior, a ex-ministra Marina Silva foi aplaudida de pé ao mostrar como a preservação ambiental se tornou causa transversal à esquerda e à direita.

O mundo quer poucas coisas do Brasil. A principal delas, de longe, é que preservemos a floresta da qual depende a sobrevivência do planeta. Foto: Wilton Junior/Estadão

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Não é surpresa. O Brasil só costuma aparecer no noticiário internacional quando se fala em meio ambiente – em geral de forma negativa, por causa da explosão do desmatamento e das queimadas nos últimos anos. Lideranças indígenas e ambientalistas são entrevistadas o tempo todo nos canais alemães e franceses. Quem mora fora do Brasil sabe como este tema, mais que qualquer outro, influencia a imagem externa de nosso país.

A Universidade Columbia, em Nova York, abrigará nos dias 15 e 16 – quinta e sexta-feira próximas – o Brazil Climate Summit. “A ideia é mostrar que o Brasil pode ser um polo de soluções para a economia do futuro”, diz Marina Cançado, CEO do Future Carbon Group. Ela é uma das idealizadoras do evento e participa do minipodcast da semana ao lado de outros organizadores.

Um time de craques representará o Brasil na Universidade Columbia. De superexecutivos como Guilherme Leal a lideranças indígenas como Samela Awiá, protagonista no combate ao flagelo da mineração ilegal. De líderes do agronegócio sustentável, como Marcello Brito, a referências mundiais no cenário ESG – caso de Rodrigo Tavares, o estrategista de relações internacionais do governo Alckmin, que hoje atua na área de finanças sustentáveis à frente do Granito Group.

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O mundo quer poucas coisas do Brasil. A principal delas, de longe, é que preservemos a floresta da qual depende a sobrevivência do planeta. Nossa única oportunidade de ter alguma relevância internacional é adquirir protagonismo nos debates sobre a nova economia verde. Precisamos participar das conversas sérias – e deixar de ser, aos olhos do mundo, apenas uma piada de gravata amarela.

Para saber mais

Mini-podcast com os organizadores do Brazil Climate Summit

Programação do Brazil Climate Summit

Editorial do Estadão sobre a festa do bicentenário do Brasil

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