Datena se filia ao PSDB ao lado de Tabata e faz elogios à pré-candidata, mas não crava que será vice

Apresentador disse que objetivo é aproximar tucanos do PSB, mas uma ala do partido pressiona para que ele seja candidato a prefeito

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Foto do author Pedro Augusto Figueiredo
Atualização:

O apresentador de TV José Luiz Datena deixou o PSB e se filiou ao PSDB, seu 11º partido, nesta quinta-feira, 4. Ele disse que o movimento foi articulado por Tabata Amaral (PSB), que sua vontade é estar ao lado da deputada, mas não cravou que será vice dela na disputa pela Prefeitura de São Paulo em outubro. O PSDB também não bateu o martelo entre uma aliança com ela ou uma candidatura própria encabeçada por Datena.

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“Não depende só de nós”, disse o jornalista. “A minha vontade é estar ao lado da Tabata. Agora, estou em um partido que está conversando com o partido que era meu partido”, continuou Datena, acrescentando que “o futuro a Deus pertence”. Mais cedo, afirmou aos jornalistas que seu desejo é disputar o Senado em 2026 e também não descartou expressamente que pode encabeçar uma chapa tucana.

Datena deixou claro que a filiação ocorre para aproximar PSDB e PSB em vista de uma coligação partidária, disse ser fã de Tabata e tê-la no ‘fundo do coração”. A deputada acenou aos tucanos afirmando que o partido tem os melhores quadros de São Paulo e que sempre que busca se aprofundar em algum assunto se depara com especialistas ligados à sigla.

Deputada Tabata Amaral, pré-candidata à Prefeitura, participa do ato de filiação do apresentador José Luiz Datena ao PSDB Foto: Fábio Vieira/Estadão

“A gente sabe, como você falou, que esse é um movimento coletivo, pensando em São Paulo e é só por isso que a gente deixou e não brigou um pouquinho mais por você”, disse Tabata a Datena. “A maior prova que ela adora o PSDB é que ela me colocou aqui”, emendou o apresentador.

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A equipe da deputada entende que a presença do jornalista na chapa ajudaria Tabata a ser mais conhecida, principalmente entre as classes C e D, e também traria autoridade perante os eleitores ao falar sobre segurança pública, tema que os assessores da deputada acreditam que será mais importante nesta eleição do que em pleitos anteriores.

Além disso, uma eventual aliança com o PSDB significaria que a candidatura da deputada deixaria de ser um voo solo — atualmente ela não tem o apoio de outra legenda — e aumentaria o tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão. Por outro lado, o partido perdeu capilaridade na capital paulista porque todos os oito vereadores que elegeu deixaram a sigla para apoiar a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Havia expectativa entre aliados de Tabata que Datena cravasse nesta quinta-feira que seria o vice, mas isso não ocorreu. A avaliação é que o jornalista reforçou que apoia Tabata, como já havia feito em janeiro em evento na casa dela, mas que pessoalmente ainda não decidiu se quer disputar uma eleição.

Datena coleciona quatro recuos eleitorais. Ele disse se arrepender, por exemplo, de não ter prosseguido como vice do tucano Bruno Covas em 2020 porque a cidade agora é governada por Nunes, de quem é crítico. Ao mesmo tempo, declarou que políticos e partidos usam sua popularidade para conseguir votos e que acredita que este também é o caso do PSDB e de Tabata.

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Uma ala do PSDB ligada à direção nacional quer que o apresentador seja candidato a prefeito para que Eduardo Leite (PSDB), que referendou a filiação, tenha um palanque em São Paulo em uma eventual candidatura presidencial daqui a dois anos.

O presidente municipal, José Aníbal, deixou em aberto o caminho que será seguido pelo PSDB. “A partir de agora, nós vamos iniciar um novo procedimento nessa sucessão paulistana com o Datena como nosso companheiro em condições de disputar o que for importante para que a gente alcance a vitória nessa cidade”, afirmou.

Questionado se alguma liderança tucana tratou com ele sobre candidatura própria, Datena não negou e se limitou a responder que se as conversas tivessem ocorrido, ele não diria aos jornalistas.

José Luiz Datena se filiou ao PSDB e pode ser vice na chapa de Tabata Amaral nas eleições deste ano Foto: Fábio Vieira/Estadão

O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, não compareceu ao evento, mas mandou uma mensagem na qual diz que a chegada de Datena dá “vida nova” ao partido e agrega capital político. O presidente estadual, Paulo Serra, também não estava presente.

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Os tucanos, assim como quer fazer Leite a nível nacional, se colocam como uma alternativa à polarização na eleição paulistana entre Guilherme Boulos (PSOL), apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e Nunes, que tem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Por causa da polarização, dos extremos, nós estivemos perto de um golpe no dia 8 de Janeiro que quase leva esse país ao obscurantismo da ditadura que a gente não quer ver nunca mais”, declarou Datena, que disse odiar a extrema-direita e a extrema-esquerda. “A nossa ideologia tem que ser uma só: o povo brasileiro e a Constituição”, continuou.

O apresentador foi perguntado se Boulos, de quem disse gostar, é de extrema-esquerda e respondeu que não sabia, mas que o deputado era “esquerda para caramba”. Datena afirma que o parlamentar do PSOL o chamou para ser vice antes dele fechar com Tabata.

“Queremos fazer com esse campo democrático de São Paulo uma ação combinada, quanto mais melhor, para que tenhamos um grande protagonismo nessas eleições municipais e sejamos um fator disruptivo no quadro de polarização preliminar que está colocado”, disse José Aníbal.

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Ele minimizou a possibilidade da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), se sentir desprestigiada caso o PSDB realmente fecha uma aliança com o PSB. Tabata é namorada de João Campos (PSB), prefeito de Recife que faz oposição a Raquel no Estado. Além disso, a chefe do Executivo pernambucano já expressou a insatisfação com o PSDB porque considera que a sigla deveria ser independente em vez de fazer oposição a Lula.

Datena permaneceu menos de quatro meses no PSB antes de entrar no PSDB. A primeira legenda em que ele esteve associado foi o PT, de 1992 a 2015. Desde então, passou por oito siglas em um intervalo de oito anos: PP, PRP (extinto), DEM (hoje, União Brasil), MDB, PSL (fundido ao União), PSC, União Brasil e PDT.