O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) miram o mesmo objetivo em 2018, mas a cada dia são mais distintos os caminhos que traçam para alcançar a Presidência da República daqui a quatro anos.
Alckmin esteve no Palácio do Planalto hoje para assinar contratos com a presidente Dilma Rousseff (PT). Obteve um pacote de R$ 3,2 bilhões para obras de abastecimento de água e mobilidade urbana. Durante o encontro, adotou um tom contemporizador, típico de governadores de oposição que, em troca de recursos mais generosos, tentam manter uma relação de boa vizinhança com o governo federal.
"Tenho certeza de que esse bom diálogo e o bom trabalho com o governo vão continuar e quero reconhecer e agradecer o esforço da presidenta Dilma, republicano e louvável, na análise desses projetos técnicos extremamente importantes para os brasileiros de São Paulo", afirmou Alckmin. Dilma, cujo partido precisa se recuperar eleitoralmente no maior colégio eleitoral do País, seguiu a linha elogiosa: "Durante a campanha é natural divergir, criticar, disputar. E mesmo em alguns momentos é, diríamos assim, compreensível que as temperaturas se elevem. Mas, depois de eleito, nós temos de respeitar as escolhas legítimas da população".
Na contramão de Alckmin está Aécio. O mineiro, que no passado usava um discurso conciliador em relação ao governo do PT, agora empresta a Alckmin o figurino e passa para uma retórica mais belicosa. Alguns fatores o levaram a esse caminho: da vitória apertada do PT contra o PSDB na eleição deste ano ao descontentamento de parte considerável da sociedade com os rumos do governo e os escândalos de corrupção, que acaba legitimando um clima de terceiro turno.
Aécio também não tem mais o que perder: sem Minas, some a necessidade de demonstrar boa vontade com o Planalto em troca de recursos federais. Além disso, o senador tem na tribuna do Senado e na presidência do PSDB uma exposição natural para emplacar seu discurso oposicionista.
Por isso, manterá a marcha aguerrida contra o governo federal nos próximos anos. Seguirá com o discurso duro no Senado até o recesso do Congresso. Quer criar um barulho que produza eco até a volta dos trabalhos do Legislativo, em 2015, quando fará caravanas pelo País e montará o ministério paralelo.
O senador pretende chegar a 2018 tendo como principal vantagem a imagem consolidada de líder da oposição. Para Alckmin, o mais importante é ter uma bela vitrine em São Paulo. Qual ativo será mais valioso dependerá de uma série de variáveis, entre as quais a popularidade do atual governo daqui a quatro anos. A corrida, porém, foi deflagrada.
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