Juscelino Filho se reuniu com irmã às vésperas de operação da Polícia Federal

Encontro ocorreu na semana anterior à Operação que investiga desvio de verbas públicas revelado pelo ‘Estadão’; PF apura lavagem de dinheiro e fraude em licitação, em esquema com participação do ministro de Lula

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Foto do author Tácio Lorran
Atualização:

BRASÍLIA – O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), se reuniu com sua irmã e prefeita de Vitorino Freire (MA), Luanna Rezende (União Brasil), às vésperas da terceira fase da Operação Benesse, deflagrada nesta sexta-feira, 1º, pela Polícia Federal (PF).

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Luanna foi afastada da Prefeitura após ser alvo de mandado de busca e apreensão. Por sua vez, Juscelino teve os bens bloqueados, por decisão do ministro do STF Luís Roberto Barroso, devido a indícios de desvio do dinheiro de emendas parlamentares.

A ação da PF mira uma organização criminosa estruturada para promover fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro com verbas da Codevasf. A operação foi baseada em reportagens do Estadão, que revelou, em uma série investigativa, o uso da verba pública para asfaltar uma estrada que passa em frente a fazendas da família de Juscelino, e onde o ministro construiu um heliponto e uma pista de pouso particular.

Juscelino e Luanna se reuniram em Brasília no último dia 22 de agosto, dez dias antes da operação da PF. O encontro consta na agenda oficial do ministro das Comunicações, mas não há detalhes dos temas tratados.

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Nas redes sociais, Juscelino afirmou que Luanna foi ao ministério para tratar de demandas importantes de Vitorino Freire. “Tratamos aqui também sobre o novo programa nacional que o presidente Lula vai estar lançando comigo, agora no próximo mês, sobre a conectividade das escolas”, afirmou o ministro, ao prometer dar “atenção especial” à prefeitura da irmã.

Luanna Rezende, prefeita de Vitorino Freire, ao lado do irmão e ministro das Comunicações, Juscelino Filho Foto: Redes sociais

O encontro às vésperas dos mandados de busca e apreensão chama atenção uma vez que informações sobre a operação já circulavam em Brasília antes da deflagração. O site Metrópoles publicou ter ouvido de uma “fonte política” no início desta semana que uma ação da Polícia Federal em breve iria atingir a prefeita de Vitorino Freire.

Em nota, o ministro das Comunicações afirma que se reuniu com a irmã “nos mesmos moldes que recebe todos os prefeitos”. De acordo com a pasta, o ministro e a irmã discutiram ações de “inclusão digital, conectividade nas escolas e unidades de saúde do município” de Vitorino Freire.

Luanna esteve em Brasília ao menos outras três vezes desde que o irmão virou ministro das Comunicações. No início do ano, participou da posse de Juscelino na pasta. Em 1º de fevereiro, presenciou a investidura do irmão como deputado federal. O terceiro e penúltimo encontro na capital federal ocorreu em 30 de março, no Ministério das Comunicações. “Recebi hoje a prefeita Luanna Rezende e mais uma comitiva de vereadores de Vitorino Freire. Mais uma oportunidade para falar dos projetos e ações do Ministério das Comunicações e ouvir as demandas do município”, escreveu Juscelino.

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Luanna ganhou R$ 8,4 mil em diárias por essas três primeiras idas a Brasília. O portal da transparência de Vitorino Freire ainda não traz informações sobre o encontro do último dia 22 de agosto.

Luanna Rezende, prefeita de Vitorino Freire, ao lado do irmão e ministro das Comunicações, Juscelino Filho Foto: @luanna.rezende via Instagram

Por outro lado, Juscelino também foi ao Maranhão para fazer política ao lado da irmã. Em 18 de março, um sábado, os dois inaugaram asfalto num povoado em Vitorino Freire e entregaram vans, ônibus, kits esportivos e kits de agricultura familiar para a população. Os irmãos também estiveram juntos no Estado nos dias 13 de janeiro, 14 de março, 20 de maio, 9 de junho, segundo registros publicados em redes sociais.

Os mandados cumpridos pela PF nesta sexta-feira fazem parte da terceira fase da Operação Benesse. Como mostrou o Estadão, Luanna renovou contratos no valor de R$ 8,9 milhões com a empresa Construservice mesmo após a companhia ter sido alvo das duas primeiras fases da operação. Segundo as investigações, a empresa está em nome de “laranjas” e o verdadeiro dono é empresário Eduardo Costa, amigo de longa data do ministro.

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