BRASÍLIA - O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, inaugurou o uso de recursos públicos para fins privados. O integrante do primeiro escalão, como mostrou o Estadão, foi nas asas da Força Aérea Brasileira (FAB) para São Paulo para participar de eventos do mundo equestre, uma predileção pessoal dele. O pecado capital que vez por outra contamina a esfera governamental tem, assim, seu primeiro caso na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Juscelino Filho, como também revelou o jornal, foi aquele que, quando era deputado federal, mandou recursos do orçamento federal para asfaltar uma estrada que passa pelas terras de sua família no interior do Maranhão. Isso foi antes da posse de Lula e bem antes de o próprio Juscelino sonhar que seria indicado por seu partido, o União Brasil, para um relevante posto no governo petista.
Agora, já na função de ministro, o político maranhense patrocina cenas de apropriação do serviço de transporte aéreo para autoridades feito pela FAB para, sem conhecimento da Força militar, registre-se, ir apreciar cavalos da raça Quarto de Milha. Além disso, recebeu diárias para pagar suas despesas pessoais. No primeiro dia em São Paulo, o ministro teve reuniões com empresas de telecomunicação. Mas foram apenas duas horas de conversas. No restante da viagem imperaram os cavalos.
O uso de jatinhos para passeios que violam a ética pública começaram a ser registrados ainda no governo Fernando Henrique Cardoso. Uma leva de ministros foi passar dias de sol em Fernando de Noronha. Na época, o Ministério Público propôs ações de improbidade contra os ministros viajantes.
Por conta da confusão, a legislação foi mudada para vedar esse tipo de uso dos jatinhos da FAB, pagos com dinheiro público, ainda que para viagens de ministros. Havia permissão para os integrantes do primeiro escalão retornarem a seus estados de origem, mas isso também acabou sendo revogado.
No governo Temer, um decreto assegurou ainda que a FAB deveria manter sempre um avião à disposição da central de órgãos humanos para transplantes. Até então, a Força Aérea só era obrigada a atender pedidos para levar autoridades de um ponto a outro do País.
Como Lula prometeu que erros em seu governo não seriam tolerados, Juscelino é a bola da vez. Vai correr para devolver as diárias? Vai devolver o dinheiro do custo do jato da FAB? Ou o governo vai além disso e decidir que o ministro já deu mostras de que estaria no lugar errado?
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