Justiça devolve inquérito de morte de petista à Polícia Civil após pedido da Promotoria

Ministério Público quer que testemunha seja ouvida de novo para informar quem eram os associados do clube onde o atirador estava e de onde teve acesso a imagens da festa da vítima

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Por Bruno Zanette
Atualização:

ESPECIAL PARA O ESTADÃO/FOZ DO IGUAÇU - A 3.ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu (PR) determinou que a Polícia Civil acrescente novas diligências no inquérito policial que investiga a morte do guarda municipal e tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, ocorrida no dia 9 de julho. O despacho foi assinado pelo juiz Gustavo Arguello nesta segunda-feira, 18. “Determino o retorno do inquérito policial à Delegacia de Polícia, via remessa offline, para o urgente cumprimento das diligências investigavas requisitadas pelo Ministério Público”, diz o pedido.

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Com um prazo de até 10 dias para o inquérito ser finalizado, a Polícia Civil do Paraná concluiu na metade do tempo e indiciou o agente penal federal Jorge Guaranho por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por colocar em risco a vida de outras pessoas.

A defesa que representa a família de Arruda questionou a conclusão do inquérito e reafirma que a motivação do crime foi por intolerância política, uma vez que Guaranho é assumidamente apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) e a decoração da festa de Marcelo Arruda era sobre o PT e do ex-presidente Lula.

A delegada Camila Cecconello, responsável pela investigação, reconheceu que a intenção no primeiro momento em que Guaranho chega ao local da festa foi realmente de provocar os convidados, gritando palavras de apoio a Bolsonaro. De acordo com a conclusão do inquérito, o assassinato teria ocorrido devido a um “acirramento e escalada de tensão na discussão entre autor e vítima”.

O promotor Tiago Lisboa, do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), solicitou nesta segunda que uma das testemunhas seja ouvida novamente e com urgência. Ela estava em um churrasco com Guaranho, na Assemib, e teria acessado as imagens das câmeras da Associação Recreativa e Esportiva Segurança Física (Aresf), onde ocorria a festa de Arruda, pelo celular.

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Reprodução de redes sociais do agente penal federal Jorge Guaranho 

De acordo com o pedido do promotor, a testemunha terá de esclarecer “quem eram os outros 02 (dois) associados da Aresf que se encontravam no churrasco de confraternização que era realizado na Assemib (Associação dos Empregados da Itaipu Binacional Brasil), posto que em seu depoimento, deixou de informar por ter sido interrompido”, escreveu o promotor em seu pedido.

O inquérito foi concluído antes da perícia no celular de Jorge Guaranho. De acordo com a Polícia Civil, o aparelho está bloqueado por senhas, e o serviço para liberar o aparelho pode levar até um mês.

“Na sequência, após a indicação dos nomes, deverá a Autoridade Policial proceder à oitiva das testemunhas referidas, a fim de que prestem esclarecimentos sobre os fatos objeto do presente Inquérito Policial”, conclui o promotor.

Atirador está internado e respira com a ajuda de aparelhos

Jorge Guaranho segue internado na UTI do Hospital Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu. Seu estado é considerado grave, porém estável, respirando por aparelhos e sem previsão de alta. Guaranho foi quem deu o primeiro disparo, acertando dois tiros em Marcelo Arruda. Mesmo ferido, o guarda municipal conseguiu revidar e acertou quatro tiros.

Após o tiroteio, Guaranho recebeu chutes no rosto e em outras partes do corpo, por pessoas que retornavam ao salão de festas. Essas pessoas estão sendo investigadas em um inquérito à parte.

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