BRASÍLIA — O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), deve mesmo aceitar o convite do ex-ministro Gilberto Kassab e se filiar ao PSD para concorrer ao Palácio do Planalto. "Eu não quero viver com o sentimento de que poderia ter feito algo, mas não fiz", disse o tucano nesta segunda-feira, 14, em entrevista à Rádio Gaúcha. Leite também declarou que renunciar ao mandato no Estado "dói mais" do que sair do PSDB.
Leite chegou ao Brasil nesta segunda, após uma viagem aos Estados Unidos. O governador antecipou em um dia o retorno ao País para intensificar a articulação política em torno da possível candidatura à Presidência, embora diga que a decisão ainda não foi tomada. O caminho no PSD ficou livre para o gaúcho após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), anunciar, na semana passada, que não vai disputar o Palácio do Planalto em outubro.
"Eu sou muito movido pelo desafio. E, nesse momento, está se apresentando um desafio no plano nacional, do qual eu e muitas pessoas sentem e me estimulam que eu possa dar uma contribuição", afirmou Leite na entrevista.
O tucano também voltou a descartar a possibilidade de concorrer à reeleição no Estado, mas disse que deixar o cargo de governador "dói mais" que sair do PSDB. Leite deve renunciar ao mandato no Rio Grande do Sul nas próximas semanas.
"É algo extremamente dolorido, pois, ao longo de três anos e três meses, eu dei tudo o que pude. Morei no trabalho, me mudei para o Palácio (Piratini) para viver o governo diariamente", disse Leite. "E isso é o que mais dói, sem dúvida nenhuma. Embora uma eventual mudança de partido não seja algo fácil também, porque é onde eu construí a minha vida política."
Neste domingo, 13, durante cerimônia realizada no Rio de Janeiro para a filiação de Felipe Santa Cruz ao PSD, Kassab reafirmou que o partido terá candidato a presidente. "Espero que seja Eduardo Leite", observou Kassab, que comanda o PSD. Pacheco, por sua vez, disseque o PSD definirá a candidatura ao Palácio do Planalto "nos próximos dias".
Leite voltou a criticar a polarização eleitoral no País, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que lideram as pesquisas de intenção de voto. "Nas últimas semanas, eu comecei a ser provocado a uma mudança de partido para poder viabilizar, talvez, um projeto alternativo a essa polarização que está aí. O que eu estou buscando, nas conversas que estou mantendo, é justamente entender quem vem junto", afirmou o governador.
Nas últimas semanas, Leite vem recorrendo a uma expressão popular para indicar a disposição de concorrer a presidente. Em encontro com empresários na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC), em 18 de fevereiro, ele disse que um "cavalo encilhado não passa duas vezes".
O cavalo encilhado é uma metáfora para se referir à possibilidade de disputar o Planalto, que passou na frente dele pela primeira vez nas prévias no PSDB, em novembro do ano passado. Na ocasião, porém, o gaúcho foi derrotado pelo governador de São Paulo, João Doria. O convite de Kassab, agora, é a segunda oportunidade.
Ao perder as prévias, Leite disse que acataria o resultado. No PSDB, aliados que tentam convencê-lo a permanecer no partido argumentam que ele está cometendo um erro e, ainda por cima, pode ficar com a pecha de “mau perdedor”.
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