O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, fez uma provocação à polícia do Rio de Janeiro nesta quinta-feira, 31, afirmando que, em cinco anos, o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes não foi desvendado pela corporação e que com “com sete homens” o caso foi solucionado pela Polícia Federal (PF).
“Por cinco anos, me desculpe governador Cláudio Castro, a Polícia do Rio de Janeiro demorou e não elucidou (o crime). A valorosa e combativa Polícia Federal entrou com sete homens e desvendou esse lamentável crime”, disse o ministro.
A declaração foi feita na frente do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), durante a reunião promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com governadores no Palácio do Planalto para apresentar e debater a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, que busca minimizar os problemas numa das áreas de pior avaliação na gestão petista. Castro reclamou, ao que o ministro da Justiça respondeu: “Mas não é crítica. Estamos colaborando muito proximamente”.
A vereadora e o motorista foram assassinados em 14 de março de 2018. As investigações da PF apontaram que a vereadora foi morta por atuar contra os interesses da milícia em grilagem de terras na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
A corporação apontou como mandantes do crime o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão, e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). O relatório afirma que o crime foi “meticulosamente planejado” pelo chefe da Polícia Civil carioca, Rivaldo Barbosa, que também atuou para proteger os irmãos Brazão.
Segundo a PF, Brazão é um dos mandantes do crime e teria ligação com milicianos interessados na grilagem de terras para fins comerciais. A vereadora do PSOL e seu grupo se opunham a essa prática e defendiam o uso social dessas áreas.
Já Barbosa, que assumiu o comando da Polícia um dia antes do assassinato, recebeu as famílias das vítimas no dia seguinte ao crime e afirmou que solucionar o caso seria “questão de honra”, se solidarizando com as vítimas.
“Apesar de não ter o idealizado, ele foi o responsável por ter o controle do domínio final do fato, ao ter total ingerência sobre as mazelas inerentes à marcha da execução, sobretudo, com a imposição de condições e exigências”
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Os irmãos e o ex-delegado foram presos preventivamente em março depois da delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, autor dos disparos que vitimaram a parlamentar. O também ex-militar Élcio Queiroz também é apontado como o autor do crime. Os homicidas foram condenados nesta quinta a 78 e 59 anos de prisão, respectivamente.
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