Líder da bancada tucana na Câmara Municipal de São Paulo, o vereador João Jorge anunciou neste domingo, 21, que vai deixar o PSDB após 32 anos como filiado. A sua saída da sigla, porém, vai ocorrer apenas em março, durante a janela partidária - período em que parlamentares podem mudar de partido sem perder o mandato.
“A dolorosa decisão pela desfiliação foi amplamente debatida com minha base política”, disse Jorge em publicação no Instagram. “Meu destino partidário para disputar a reeleição como vereador da cidade de São Paulo será conhecido depois de conversar com o prefeito Ricardo Nunes a quem apoiariei em sua campanha de reeleição”, acrescentou.
Como mostrou o Estadão, vereadores paulistanos já traçam suas estratégias em busca da reeleição, com trocas de partido no horizonte. Segundo parlamentares, quatro dos oito vereadores tucanos indicaram que deixarão a legenda. Do outro lado, o MDB, do prefeito Ricardo Nunes, deverá ser o principal destino daqueles insatisfeitos com os atuais partidos, seguido pelo PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O principal motivo para a debandada tucana é a disputa interna no PSDB sobre a posição do partido na disputa pela Prefeitura de São Paulo. O Diretório Municipal defende apoio à reeleição de Nunes, de um lado, e o Diretório Nacional quer lançar candidatura própria, de outro. Sem consenso, a crise escala dentro do partido, com “lavação de roupa suja” em troca de cartas. Nesta semana, a Coluna do Estadão mostrou que Andrea Matarazzo já informou ao presidente do PSD, Gilberto Kassab, sobre uma sondagem dos tucanos para disputar a Prefeitura de São Paulo por seu antigo partido.
Porém, as negociações para troca de partido na Câmara não se restringem a conflitos internos. Alguns vereadores estão considerando a mudança partidária com o objetivo de obter mais recursos para suas campanhas de reeleição. Outros parlamentares, por sua vez, buscam uma nova legenda por questões ideológicas.
Segundo interlocutores, Sidney Cruz, único vereador do Solidariedade na Câmara, pode deixar o partido em busca de melhores condições. O MDB é apontado como o destino mais provável. Embora Cruz afirme sua lealdade ao Solidariedade, não descarta a possibilidade de trocar de sigla. A decisão será tomada no “momento oportuno”, diz ele.
Também é esperado que o vereador Rinaldi Digilio (União) vá para o PL. Rinaldi foi o autor da proposta que concedeu uma homenagem à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ele, porém, nega que exista qualquer conversa neste sentido. “Vim para o União em uma fusão do PSL com o DEM, e por enquanto continuo no União”. disse.
Rubinho Nunes (União), por sua vez, foi procurado por outras legendas, como PP e PL, mas afirma que não pensa em trocar de partido neste momento. “Recebi convites. Mas no momento estou focado em temas importantes pra São Paulo que estão sob meus cuidados, como a privatização da Sabesp e revisão da Lei de Zoneamento”.
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