BRASÍLIA – O líder do Republicanos na Câmara, Hugo Motta (PB), avalia que o presidente do seu partido, deputado Marcos Pereira (SP), é hoje um dos nomes favoritos a suceder o atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), em 2025, de quem também é aliado.
Em entrevista exclusiva Estadão/Broadcast, o parlamentar disse que Pereira vai conversar com o governo e garantiu que o fato do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ser filiado ao partido não será um empecilho a um eventual apoio de Luiz Inácio Lula da Silva à candidatura do presidente da legenda pelo comando da Câmara.
Tarcísio é próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro e faz oposição ao governo atual. Motta, porém, acredita que o governador buscará a reeleição em São Paulo, apesar de petistas terem o receio de que Tarcísio seja um candidato à Presidência em 2026, principalmente depois de o TSE declarar Bolsonaro inelegível.
“Sua reeleição será, na minha avaliação, prioridade quando 2026 chegar. É natural que, com os números que ele tem hoje, e ele chegando lá com a aprovação que tem, que o povo de São Paulo o convoque a ele ser novamente governador por mais uma vez”, disse o deputado. Ele também descarta que Tarcísio deixe o partido por causa da candidatura de Pereira à Câmara.
Questionado sobre um eventual apoio do governo Lula à candidatura de Pereira, Motta ponderou que a eleição pela Presidência da Câmara tem sido cada vez mais autônoma e lembrou que o PT foi um dos primeiros partidos a apoiar a reeleição de Lira, o que, na sua avaliação, garantiu que matérias de interesse do Executivo fossem aprovadas este ano. Motta reforçou, no entanto, que o presidente da legenda vai abrir diálogo permanente com todos os Poderes.
“Vejo que, pelo papel que presidente Marcos tem dentro da casa, pela sua maneira de conduzir o partido, pela forma correta de fazer política, de fazer política cumprindo compromissos, cumprindo a palavra, de ser uma pessoa verdadeira, seu nome tem ganhado forças e vejo que ele hoje é um dos nomes com grandes chances de vencer as eleições em 2025″, afirmou.
Nos bastidores, Pereira já tem se colocado como pré-candidato e aberto diálogo com integrantes da Câmara e do governo de olho na disputa pela presidência da Câmara em 2025. O parlamentar tem se apresentado como um “cumpridor de acordos”, característica também usada por deputados para justificar o apoio que deram nos últimos anos a Lira. O impasse para o embarque do Palácio do Planalto na candidatura, contudo, é Tarcísio, por sua ligação com o rival de Lula.
Na semana passada, a tentativa de Pereira de votar o projeto de lei das offshores durante a ausência de Lira no Brasil foi vista como um movimento para se fortalecer na disputa pelo comando da Casa em 2025. No entanto, o nome apoiado por Lira deve ser o do líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), que também cumpriu agenda fora do Brasil nas últimas duas semanas.
Orçamento impositivo
Durante a entrevista, Motta defendeu tornar o Orçamento público cada vez mais impositivo, ou seja, com execução obrigatória dos recursos. O parlamentar disse ver como positiva a ideia de tornar obrigatório, por exemplo, o pagamento de emendas de comissão a partir do ano que vem.
“Se a Comissão Mista de Orçamento (CMO) decidir entrar nessa discussão acerca de também impositivar as emendas de comissão, vejo como ponto positivo. Precisa discutir tamanho e valor, quais áreas serão atendidas, não dá pra fazer impositividade de recursos sem ter objetivo claro, sem olharmos os indicadores sociais”, disse Motta.
O parlamentar avalia que o Congresso tem se fortalecido do ponto de vista orçamentário ao longo dos últimos anos, o que possibilita aos parlamentares, segundo ele, ter cada vez mais condições de contribuir com os Estados. A ideia de “impositivar” ainda mais o orçamento foi levantada pelo relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), ao Estadão/Broadcast.
Questionado sobre a sugestão de criar no próximo ano as chamadas “emendas de lideranças”, cujos recursos ficariam centrado nos líderes dos partidos, Motta disse que vê a modalidade como uma espécie de emenda de bancada, que já existe hoje e tem pagamento obrigatório. O relator da LDO pediu um estudo a técnicos da Comissão Mista de Orçamento (CMO) para averiguar a viabilidade de serem implementadas as emendas de liderança no ano que vem.
“Essa emenda de liderança eu vejo que deveria se chamada de emenda de bancada, de partido, para que os partidos possam ter acesso a mais recursos do que se tem nos dias de hoje, e esse recurso não é acessado só pelo líder, é recurso que é distribuído de forma equitativa para os parlamentares que andam alinhados com a orientação da liderança do partido aqui na Casa”, afirmou Motta.
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