BRASÍLIA – O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse a aliados que anunciará nesta terça-feira, 29, apoio formal ao deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) para sua sucessão Lira já trabalha nos bastidores desde setembro pela candidatura do deputado paraibano, mas falta endossar o nome de forma pública.
Ainda não está definido qual será o formato do anúncio. O PP, partido de Lira, também deve formalizar nesta terça-feira o apoio a Motta. O Republicanos, por sua vez, lançará oficialmente o parlamentar como candidato. A eleição para a Mesa Diretora ocorrerá em fevereiro. Lira não pode se reeleger e articula para emplacar um aliado no cargo e manter influência política.
Nas últimas semanas, Lira e Motta têm trabalhado para consolidar o apoio do PT. O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não decidiu quando anunciará em público sua posição sobre a disputa. O líder da bancada, Odair Cunha (MG), contudo, já sinalizou que a tendência é a legenda compor com o candidato do Republicanos.
Motta ofereceu ao PT o comando da Primeira-Secretaria da Câmara, cargo maior que o ocupado hoje pelo partido. Os petistas têm na atual composição da Mesa Diretora a Segunda-Secretaria, liderada pela deputada Maria do Rosário (RS).
O líder do Republicanos tem como adversários na corrida eleitoral os deputados Antonio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União-BA), que fizeram uma aliança contra Motta e Lira - o acordo prevê que o candidato, entre os dois, que estiver mais bem posicionado perto da eleição assuma a cabeça de chapa.
Elmar e Brito ofereceram ao PT a Primeira Vice-Presidência da Casa e têm se apresentado como uma opção mais governista. Aliados dos dois adversários de Motta dizem que ele tem uma chapa mais à direita por já ter recebido sinalização de apoio do PL.
Aliados de Motta têm demonstrado preocupação com a demora dos partidos em anunciar apoio a ele na sucessão da Câmara. A avaliação é que boa parte das siglas ainda está esperando o cenário ficar mais definido, já que Brito e Elmar mantiveram suas candidaturas.
A expectativa inicial era de que se formasse um rápido consenso em torno de Motta quando o deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), até então na disputa, abriu mão da candidatura em favor do correligionário. No entanto, dizem deputados, legendas como o PDT e o PSB, que já haviam sinalizado apoio a Elmar, foram pegas de surpresa e agora estão divididas.
Até o início de setembro, Elmar era considerado o favorito de Lira na disputa, antes da desistência de Pereira. Aliados do deputado do União Brasil dizem que o presidente da Câmara chegou a avisar que anunciaria publicamente o apoio a ele, o que acabou não ocorrendo.
No último dia 16, a bancada do PT recebeu Motta para um jantar na casa do deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA). Na ocasião, Motta prometeu que a anistia aos condenados pelos ataques golpistas do 8 de janeiro não entrará na campanha. Segundo petistas, o deputado paraibano disse que Lira deve “resolver” a situação ainda este ano e que, portanto, o assunto não será tema de sua eventual gestão. Essa é uma das principais preocupações do PT.
Os petistas também querem a garantia dos candidatos à presidência da Câmara de que não ficarão contra Lula na tentativa de reeleição em 2026. Deputados do PT dizem que não se pode exigir que os partidos estejam com Lula, mas querem o compromisso dos candidatos.
No último dia 21, Lira levou Motta para a 24ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, em São Paulo. Foi a primeira vez que o líder do Republicanos falou em público como candidato. Ele criticou o que chamou de “agenda de radicalização” e disse esperar um consenso entre direita e esquerda na corrida pela presidência da Câmara.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.