BRASÍLIA – A presença dos protagonistas de uma das rivalidades políticas mais famosas do Brasil, Renan Calheiros (MDB-AL) e Arthur Lira (PP-AL), no mesmo palanque estrelado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no interior de Alagoas na quinta-feira, 9, foi apenas pontual, e uma aproximação entre os dois é improvável. A interpretação nos círculos de poder local, apurada pelo Estadão/Broadcast, é de que a obra a ser lançada era simplesmente importante demais para os principais líderes do Estado não estarem presentes.
Lula foi a São José da Tapera, a 215 km de Maceió, assinar a ordem de serviço da obra do trecho V do Canal do Sertão Alagoano, para distribuir água da transposição do Rio São Francisco. O projeto é do primeiro governo do petista, mas ainda não está concluído.
O chefe do Executivo convidou o presidente da Câmara para participar e discursar – assim como discursaram o senador do MDB e Renan Filho, ministro dos Transportes, aliados de longa data do petista. Todos voaram no mesmo helicóptero. O próprio Calheiros tratou de explicar, segundo apurou a reportagem, que ter dividido palanque com Lira não significa que queira uma aliança com o adversário.
Saindo do ato de quinta-feira, Lira disse aos demais políticos que visitaria o pai o ex-senador Benedito de Lira, de 82 anos, que quebrou o fêmur e precisou passar por uma cirurgia. Já em Maceió, Lula foi a um jantar promovido pelo governador Paulo Dantas, do grupo político de Renan Calheiros, com políticos do MDB local.
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Nesta sexta, Lira participou de mais uma solenidade com Lula, a entrega de unidades do Minha Casa Minha Vida em Maceió. Renan Filho também participou, mas Renan Calheiros, não. Foi a primeira visita do presidente da República a Alagoas desde o começo de seu mandato. Ao longo do ano passado, aliados do petista ponderavam que visitar o Estado era uma questão politicamente delicada justamente por causa da rivalidade Lira-Renan.
O próprio presidente da República também indicou que a presença de todos na solenidade não significa aliança política. Segundo ele, aquele era um evento institucional, diferente de movimentações eleitorais. “Vai ter um momento em que vou viajar para algumas cidades para apoiar um candidato. A gente não vai estar junto em todos os lugares”, disse Lula sobre as eleições municipais.
Calheiros e Lira, além de disputarem influência política local em Alagoas, podem concorrer por vaga no Senado nas eleições de 2026. O emedebista deve tentar um novo mandato na Casa e o deputado, já fora da presidência da Câmara, tende a se candidatar a senador. Serão duas vagas e há possibilidade de os dois serem eleitos. Mas parlamentares avaliam que, se um deles perder, ficará desmoralizado politicamente frente ao outro.
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