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Lira põe Câmara para votar urgência de projeto que proíbe delação premiada de preso

Requerimento que será submetido ao plenário da Casa tenta acelerar aprovação de projeto apresentado em 2016 por deputado do PT

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Foto do author Iander Porcella
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), incluiu na pauta do plenário da Casa o requerimento de urgência para um projeto de lei que impede a homologação judicial de delações premiadas de quem estiver preso. A proposta, que em tese poderia afetar o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, foi apresentada em 2016, no auge da Operação Lava Jato, pelo ex-deputado Wadih Damous (PT-RJ), hoje secretário nacional do Consumidor no governo Lula.

Caso o requerimento seja pautado e aprovado, a proposta poderá pular etapas e ser votada diretamente no plenário, sem necessidade de passar antes por análise de comissões da Câmara. O texto diz que as colaborações premiadas só poderão ser homologadas “se o acusado estiver respondendo em liberdade ao processo ou investigação instaurados em seu desfavor.”

O presidente da Câmara, Arthur Lira, incluiu na pauta o requerimento de urgência para um projeto de lei que impede a homologação judicial de delações premiadas de quem estiver preso Foto: Wilton Júnior/Estadao

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“A medida se justifica para preservar o caráter voluntário do instituto e para evitar que a prisão cautelar seja utilizada como instrumento psicológico de pressão sobre o acusado ou indiciado, o que fere a dignidade da pessoa humana, alicerce do estado democrático de direito”, diz o projeto apresentado pelo petista.

“Da mesma forma, a alteração protege as regras processuais que tratam da prisão preventiva e evita que prisões processuais sejam decretadas sem fundamentação idônea e para atender objetos outros, alheios ao processo ou inquérito”, afirma outro trecho.

Em maio, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes concedeu liberdade provisória a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Ele estava preso desde 22 de março por descumprimento de medidas cautelares e obstrução de justiça. Em áudios revelados pela revista Veja, ele havia dito que foi pressionado pela Polícia Federal durante a delação premiada, quando também estava detido.

Após a divulgação dos áudios, bolsonaristas diziam que a delação poderia ser anulada, mas Moraes manteve a validade do depoimento, que foi dado em 2023. A partir da colaboração premiada do tenente-coronel, a PF deflagrou a Operação Tempus Veritatis, para apurar suposta tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito após as eleições de 2022.

A operação mirou Bolsonaro, ex-ministros e militares de alta patente e foi realizada após Cid afirmar que o ex-presidente se reuniu com os comandantes da Forças Armadas para discutir uma forma de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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