Lira tenta emplacar seu advogado no TST após Lula indicar Zanin ao STF

Presidente da Câmara se movimenta por vaga para o tribunal trabalhista; presidente do Senado, Rodrigo Pacheco trabalha por aliados da OAB-MG em tribunais superiores

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Foto do author Daniel Haidar

BRASÍLIA – Depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicar seu advogado Cristiano Zanin Martins para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), partidos do Centrão iniciaram um movimento para lotear o Judiciário. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se movimenta para também colocar seu advogado no Tribunal Superior do Trabalho (TST). A briga por vagas inclui ainda o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e uma segunda vaga no Supremo, que ainda nem foi aberta, mas já é alvo de cobiça do PT, do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do senador Renan Calheiros (MDB-AL), líder da maioria no Senado.

O palco de enfrentamento mais recente surgiu na vaga no TST, reservada para representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), aberta com a aposentadoria do ministro Emmanoel Pereira. Em agosto, sai a lista com os seis nomes mais votados pelos conselheiros federais para a Corte trabalhista. Depois disso, os 26 atuais ministros do TST fazem uma votação da qual saem três nomes mais votados para que um deles seja nomeado por Lula.

O presidente da Câmara, Arthur Lira; parlamentar se movimenta para emplacar aliados no Judiciário  Foto: Pablo Valadadres/Agência Câmara

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O Estadão apurou com três interlocutores da OAB que Lira apelou ao presidente nacional da entidade, Beto Simonetti, pela viabilização do advogado alagoano Adriano Avelino, que advoga para ele e para sua família em questões trabalhistas, enquanto Calheiros defende o nome de outro conterrâneo: Fernando Paiva, ex-conselheiro federal da OAB.

Procurado pelo Estadão, Lira disse que “tem dois amigos nessa lista (da OAB para o TST)”, em referência a Avelino e Paiva. Porém, o deputado ressaltou que não tem preferência pelo avanço de nenhum dos dois, que chamou de “dois excelentes advogados”. O Estadão apurou, contudo, que ele tem atuado pessoalmente em defesa de Avelino.

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“Advogo para ele (Lira) e o pai (Benedito de Lira), mas isso não se mistura com a parte política. Se eu chegar à lista tríplice, claro que o presidente da Câmara tem compromissos com várias bancadas, então não estou contando com apoio político nenhum. Minha preocupação hoje é entrar na lista sêxtupla”, afirmou Avelino ao Estadão.

Com mais cargos acumulados ao longo da história na OAB do que seu conterrâneo, Paiva – o candidato de Renan – é tratado como um dos candidatos preferidos de Felipe Sarmento, decano do conselho federal da OAB e um dos principais puxadores de votos entre os conselheiros.

O decano do conselho também apoia a advogada sergipana Roseline Morais e o mineiro Antônio Fabrício de Matos Gonçalves. Ex-presidente da OAB de Minas Gerais, Gonçalves chega à disputa ainda com a preferência do presidente do Senado e de Felipe Santa Cruz (PSD), ex-presidente nacional da OAB e próximo a caciques de esquerda no Congresso.

Reforçados pelos padrinhos políticos no Congresso, Avelino, Paiva e Gonçalves são considerados fortes candidatos para entrar na lista sêxtupla votada no Conselho Federal dos advogados e posteriormente na lista tríplice definida pelos ministros do TST. A escolha final é do presidente Lula. Mas outro candidato forte é o advogado Emmanoel Campelo Pereira, filho do próprio ministro que se aposentou.

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Com o apoio do PT e de grupos de esquerda contra o que consideram uma lista “conservadora”, também tenta se viabilizar o advogado Marthius Sávio Cavalcante Lobato, defensor da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Queda de braço

Ex-conselheiro federal da OAB, Pacheco também entrou em disputa com o PT por vaga no STJ, reservada aos advogados, aberta com a aposentadoria do ministro Félix Fischer. O presidente do Senado trabalha pela nomeação de seu ex-assessor jurídico Luís Cláudio Chaves. Porém, ele enfrenta a preferência de petistas pela advogada Daniela Teixeira, apoiada pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffman, e pelos ministros Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). Ela também é defendida pelo coordenador do Grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, próximo a Lula.

Como mostrou a Coluna do Estadão, Daniela tenta conquistar o apoio da primeira-dama Janja da Silva, que tem forte influência sobre as decisões do presidente Lula.

Janja e o presidente Lula no Palácio do Planalto; primeira-dama tem forte influência sobre as decisões do petista Foto: Wilton Junior/Estadão

Também desponta na lista do PT para o STJ o advogado Flávio Caetano, apoiado pela presidente cassada Dilma Rousseff, como mostrou o Estadão. Caetano foi advogado de Dilma.

Depois da indicação de Zanin, advogado de Lula, para a vaga aberta pela saída do ministro Ricardo Lewandowski, também já há disputa pelo lugar da ministra Rosa Weber, a segunda nomeação para o STF no terceiro mandato de Lula. Nesta disputa, o PSD tenta emplacar Pacheco, o que ele nega, enquanto o ministro Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), conseguiu a rara condição de ser apoiado por Lira e Renan, que são adversários em Alagoas.