O presidente do União Brasil, Luciano Bivar, desistiu de concorrer à Presidência da República. O anúncio foi feito neste domingo, 31, durante a convenção do partido em Pernambuco, Estado do parlamentar. Bivar afirmou que tentará a reeleição à Câmara dos Deputados e que a senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS), ex-aliada do presidente Jair Bolsonaro (PL), será a candidata do partido ao Palácio do Planalto.
“Resolvi voltar e continuar na Câmara Federal, com a ajuda de vocês, para que possamos continuar presidindo o partido com a força que tem o nosso partido, nossos parlamentares e quem compõe o UB”, disse Bivar. “Eu quero aqui, de longe, parabenizar o meu Senado, na pessoa da senadora Soraya Thronicke, que em breve estará em Pernambuco apresentando alternativa para o País”, afirmou.
Apesar de anunciar a candidatura de Soraya, seguem ainda nos bastidores conversas para que Bivar se alinhe a Lula em troca de uma ajuda informal do PT em Pernambuco na tentativa de reelegê-lo deputado federal. Uma fonte próxima ao presidente do União Brasil afirmou que há interesse na recondução de Bivar à Câmara para, em um eventual mandato do petista, articular sua eleição para a presidência da Casa.
As negociações entre PT e Bivar para que o União Brasil apoiasse a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva ficaram públicas na semana, quando o senador Jaques Wagner (PT-BA) confirmou que a campanha do ex-presidente estava em busca desse posicionamento do presidente do União Brasil, resultado da fusão do antigo PSL com DEM, que historicamente rival ao PT, resiste a um acordo.
Em Pernambuco, a chapa ‘puro sangue’ para o governo estadual foi confirmada: Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina, concorre ao cargo, com a deputada estadual Alessandra Vieira de vice, enquanto Carlos Andrade Lima, candidato do então PSL à Prefeitura do Recife em 2020, foi o nome escolhido para o Senado.
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Bivar vai costurar uma difícil candidatura para o Congresso. Isso porque o União Brasil montou inicialmente uma chapa proporcional focada em eleger dois deputados federais no Estado: os ex-ministros Mendonça Filho e Fernando Coelho Filho. A decisão do presidente da sigla de tentar uma vaga na Câmara deixou lideranças locais insatisfeitas, visto a necessidade de reorganização do tabuleiro eleitoral da legenda, que divide as candidaturas proporcionais com o Podemos, PSC e Patriota no Estado.
Bivar esteve em reuniões com a cúpula pernambucana do União Brasil desde a última sexta-feira, 29, quando desembarcou no Estado. O presidente do partido participou de uma longa conversa com nomes como Miguel Coelho, Mendonça Filho e Fernando Bezerra Coelho (MDB), líder do clã político do Sertão do São Francisco. O encontro ocorreu para fazer contas e articular a candidatura de Bivar para deputado federal e o partido analisou quais nomes poderiam subir para candidatura à Câmara, para formar a “cauda” necessária para eleger três nomes ao congresso.
Durante a convenção deste domingo, integrantes mais otimistas do partido já apontavam que a sigla se reorganizou para eleger não apenas três, mas quatro deputados federais. O senador Fernando Bezerra Coelho, em um discurso durante o evento, falou em quatro vagas - uma indicação de que Bivar estaria entre os eleitos em outubro.
Como apontou a Coluna do Estadão, Bivar já havia avisado candidatos de seu partido a respeito da desistência em mensagem de WhatsApp enviada no sábado, 30, à noite. Isso depois de dizer, em entrevista à CNN no dia 25 de julho, que sua candidatura era “irreversível”. No entanto, ele não demonstrava crescimento nas pesquisas e não chegou a pontuar na última análise divulgada pelo Datafolha na quinta-feira, 29.
O União Brasil apresentou a pré-candidatura de Bivar no final de maio, depois de desistir de lançar o ex-juiz Sergio Moro, que migrou do Podemos em busca de disputar o pleito nacional pelo partido. Até o começo daquele mês, o União Brasil negociava com os partidos que representava a chamada “terceira via” - MDB, PSDB e Cidadania, coligação que lançou Simone Tebet (MDB) à Presidência.
A desistência de Bivar em concorrer à Presidência em meio a negociações com o PT pode não ser a única nesta reta final de definição das candidaturas. Em entrevista ao Estadão, o pré-candidato André Janones (Avante) admitiu que poderia abrir mão da corrida ao Planalto para apoiar Lula, com quem marcou conversas para negociar o possível apoio.
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