Barroso se retrata e diz que se referiu a ‘extremismo golpista’ ao falar ‘derrotamos o bolsonarismo’

Por meio de nota divulgada nesta quinta-feira, 13, ministro do Supremo afirma que ‘jamais pretendeu ofender’ os eleitores de Jair Bolsonaro (PL)

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Atualização:

SÃO PAULO e BRASÍLIA – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso justificou nesta quinta-feira, 13, o discurso que fez no congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), quando disse “derrotamos o bolsonarismo”. Por meio de nota, o magistrado afirmou que se referia ao episódio do 8 de Janeiro, quando as sedes dos Três Poderes em Brasília foram atacadas e que “jamais pretendeu ofender” os eleitores de Jair Bolsonaro (PL).

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“Jamais pretendi ofender os 58 milhões de eleitores do ex-presidente nem criticar uma visão de mundo conservadora e democrática, que é perfeitamente legítima. Tenho o maior respeito por todos os eleitores e por todos os políticos democratas, sejam eles conservadores, liberais ou progressistas”, disse o ministro nota oficial publicada no site do STF.

Na noite de quarta-feira, 12, Barroso esteve em um evento da UNE. Vaiado pelos estudantes por causa da sua posição nos processos de impeachment de Dilma Rousseff (PT) e do piso salarial da enfermagem, o magistrado disse “Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”, em referência à atuação da Corte da qual faz parte.

As declarações repercutiram de forma negativa entre os apoiadores do ex-presidente. Hamilton Mourão, que foi vice da gestão passada, disse que as decisões de Barroso serão “sempre tendenciosas”. Ainda no Senado, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), exigiu uma retratação do ministro. Parlamentares de oposição ao governo também se articulam para apresentar um pedido de impeachment de Barroso.

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Leia a íntegra da nota do ministro Luís Roberto Barroso:

Na data de ontem, em Congresso da União Nacional dos Estudantes, utilizei a expressão “Derrotamos o Bolsonarismo”, quando na verdade me referia ao extremismo golpista e violento que se manifestou no 8 de janeiro e que corresponde a uma minoria. Jamais pretendi ofender os 58 milhões de eleitores do ex-presidente nem criticar uma visão de mundo conservadora e democrática, que é perfeitamente legítima. Tenho o maior respeito por todos os eleitores e por todos os políticos democratas, sejam eles conservadores, liberais ou progressistas.

Embate antigo

O ministro foi um dos principais alvos dos ataques de Bolsonaro durante o período em que ocupou o Palácio do Planalto. Os dois protagonizaram momentos de antagonismo nos últimos quatros anos, sobretudo entre 2021 e 2022, quando Barroso ocupou o cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Num dos eventos mais recentes de embate com a militância bolsonarista, o ministro disse a frase “perdeu, mané, não amola” a um apoiador de Bolsonaro após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições do ano passado.

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A fala de Barroso ocorreu em Nova York, durante a participação de ministros do STF no fórum do grupo de empresários Lide, após ser questionado sobre se responderia as perguntas feitas pelas Forças Armadas sobre o funcionamento das urnas eletrônicas.

O episódio provocou a ira do movimento bolsonarista. No dia 8 de janeiro deste ano, os manifestantes golpistas que invadiram o prédio do STF picharam a frase de Barroso na estátua da Justiça posicionada em frente ao Tribunal e também a rabiscaram com faca no salão nobre da Corte, onde os ministros costumavam receber autoridades de outros países. Apesar das reformas, ainda é possível ver a frase no local.

Mais cedo, o STF emitiu nota com os mesmos argumentos apresentados por Barroso. “As vaias – que fazem parte da democracia – vieram de um pequeno grupo ligado ao Partido Comunista Brasileiro, que faz oposição à atual gestão da UNE. Como se extrai claramente do contexto da fala do Ministro Barroso, a frase ‘Nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo’ referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição”, disse o texto publicado pelo Tribunal.

Barroso assumirá o cargo de presidente da Corte em outubro deste ano, por causa da aposentadoria da atual ocupante do cargo, a ministra Rosa Weber.

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