Lula assina artigo no Washington Post em que compara 8 de Janeiro à invasão do Capitólio nos EUA

Presidente diz que democracia brasileira foi ‘severamente testada’, mas que tentativa de golpe falhou e que ‘sociedade brasileira rejeitou a invasão’

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Por Redação
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou nesta segunda-feira, 8, um artigo de opinião no jornal The Washington Post em que afirma que a democracia brasileira foi “severamente testada” e compara os atos golpistas em Brasília no ano passado à invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021.

Na publicação no jornal norte-americano, o presidente diz que a tentativa de golpe falhou e que a “sociedade brasileira rejeitou a invasão”. Durante o ano passado, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Poder Executivo dedicaram esforços para esclarecer os fatos e responsabilizar os invasores”, disse.

Lula escreveu artigo sobre o 8 de Janeiro e fez crítica ao governo anterior. Na foto, o presidente em reunião ministerial em dezembro de 2023 Foto: Wilton Junior/Estadão

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Sem citar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nominalmente, Lula afirma no texto que a tentativa de golpe em 8 de janeiro do ano passado foi resultado “de um longo processo promovido por líderes políticos extremistas para desacreditar a democracia em seu próprio benefício”.

“O sistema eleitoral brasileiro, reconhecido internacionalmente pela sua integridade, foi posto em dúvida por quem se elegeu por esse mesmo sistema. No Brasil, reclamavam da urna eletrônica como nos Estados Unidos reclamavam do voto pelo correio, sem nenhuma evidência. O objetivo dessas ilações falsas era desqualificar a democracia, para sua perpetuação no poder de forma autocrática. Mas a democracia brasileira prevaleceu e saiu mais forte”, escreveu no artigo.

O presidente ressalta que grupos extremistas, “impulsionados por mentiras e desinformação”, “quebraram janelas, destruíram objetos históricos e obras de arte, enquanto transmitiram seus atos pela internet”.

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“Exibiam desprezo pela democracia similar ao dos invasores do Capitólio nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021″, disse, em referência à invasão e depredação do prédio que abriga o Congresso dos EUA por apoiadores do ex-presidente americano Donald Trump, inconformados com a vitória de Joe Biden. Na ocasião, quatro pessoas morreram.

Quase três anos depois de uma multidão atacar o Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, em apoio a Trump, as investigações criminais a respeito dos eventos daquele dia avançam. Promotores qualificaram a apuração a respeito do motim como a maior na história do Departamento de Justiça. Até dezembro, cerca de 1.240 pessoas tinham sido presas em conexão ao ataque, acusadas de crimes que variam de invasão, uma contravenção penal, a conspiração sediciosa, um delito grave.

Imagem de drone feita por volta das 15 horas do dia 8 de janeiro de 2023 mostra grupo de manifestantes extremistas tomando o controle do prédio do Congresso Nacional Foto: Reprodução/Polícia Militar

No Brasil, os atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023 completam um ano nesta segunda-feira, após terem mexido com a estrutura dos Três Poderes e deixado um rastro de destruição nos principais prédios públicos de Brasília. Em um ano, 2.170 pessoas foram presas, a maioria por ter invadido e atacado diretamente os prédios públicos, de acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes é o relator do inquérito responsável por julgar os extremistas envolvidos nos ataques.

Do total, 66 extremistas permanecem presos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 1.413 pessoas pelos atos antidemocráticos, das quais 30 foram condenadas por crimes como golpe de Estado e outras 29 serão julgadas até fevereiro. A lista de presos e condenados pelo 8 de janeiro, no entanto, não inclui mentores nem políticos.

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