Lula abandona SP no 2º semestre e só volta à capital para ajudar Boulos a fechar chapa com Marta

Última agenda oficial do presidente no Estado que é seu berço político havia ocorrido em julho; aliados apontam agenda internacional e problemas de saúde

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Foto do author Pedro Augusto Figueiredo
Foto do author Gustavo Côrtes
Atualização:

A participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na entrega de imóveis do Minha Casa, Minha Vida neste sábado, 16, será sua primeira agenda oficial em São Paulo desde julho, quando foi à posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Neste período em que preteriu compromissos no maior Estado do País, o presidente concentrou atividades em Brasília e no exterior. Enquanto isso, coube ao vice, Geraldo Alckmin (PSB), estar presente com frequência no território que já governou. Agora, Lula retorna também com olhos na campanha eleitoral do ano que vem, o que deve fazer com que mude a postura também em 2024.

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Desde a última visita a São Paulo, o petista foi a 11 países de todo o mundo. Os principais compromissos foram a cúpula dos Brics na África do Sul em agosto, quando aproveitou a ida ao continente africano para passar por Angola e São Tomé; o G-20, realizado na Índia em setembro, que foi seguido de uma viagem a Cuba para reunião do G-77, grupo de países em desenvolvimento, e da Assembleia-Geral da ONU em Nova Iorque. Lula também foi ao Paraguai para participar da posse do presidente Santiago Peña em agosto.

Mais recentemente, o presidente realizou um giro pelo Oriente Médio entre o final de novembro e o início de dezembro. Ele passou pela Arábia Saudita antes de participar da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-28) em Doha, no Catar. Em seguida, embarcou para os Emirados Árabes Unidos e, na volta, foi à Alemanha, onde atuou para tentar avançar no fechamento do acordo bilateral entre o Mercosul e a União Europeia.

O presidente Lula durante a posse dos novos diretores dos sindicato dos metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, seu último compromisso político em São Paulo  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Ele e a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, ainda mantêm endereço em uma casa de luxo alugada no Alto de Pinheiros, Zona Oeste da capital paulista, embora não tenham frequentado o local nos últimos meses. A reportagem apurou que embora Lula fosse o responsável legal pelo aluguel do espaço, ele recebeu, ao longo dos últimos meses, além do salário, uma ajuda de custo do PT que, na prática, contribui com o custeio da moradia. A justificativa seria a de que a casa funcionaria não apenas como residência, mas para encontros políticos como presidente de honra. A prestação de contas do PT ao TSE aponta que, de janeiro a setembro, Lula já tinha recebido R$ 86.111,22 do PT. De maio a setembro os pagamentos foram idênticos: parcelas mensais de R$ 9.598,92. Questionado, o PT informou que utilizou “desde 2021, exclusivamente recursos de arrecadação própria para pagamento de parte do aluguel de imóvel em São Paulo utilizado pelo presidente de honra do partido, Luiz Inácio Lula da Silva”. A sigla diz que “esta destinação de recursos sempre foi informada e justificada à Justiça Eleitoral”. A legenda acrescentou, posteriormente, que “até setembro último este pagamento parcial era realizado na forma de ajuda de custo”. Desde outubro, porém, “o PT assumiu o contrato de locação e o pagamento integral do aluguel, suspendendo a ajuda de custo”.

Interlocutores argumentam que a ausência no Estado, que lhe deu 11,5 milhões de votos em 2022 no segundo turno da disputa com Jair Bolsonaro (14,2 milhões), se deve, em parte, às cirurgias no quadril a que o petista foi submetido em julho e no fim de setembro e que lhe deixou mais de um mês em recuperação. A última delas foi realizada em setembro no Hospital Sírio Libanês, onde ele deu entrada no dia 29 daquele mês e passou quatro dias internado.

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Na ocasião, o presidente tratou de uma artrose que lhe causava dores crônicas. Dizem eles que, antes disso, Lula sentia dores que atrapalhavam sua locomoção e, por isso, evitou viagens. Isso não impediu, porém, que o presidente fizesse as diversas agendas no exterior antes e depois do procedimento, em vez de optar por idas a São Paulo.

Aliados afirmam que isso ampliou as visitas de seus filhos que residem na capital paulista a ele em Brasília. Mesmo o Natal dos Catadores, ao qual Lula tradicionalmente comparece aos finais de ano, será realizado na capital federal neste ano, em vez de São Paulo. A presença do presidente está confirmada.

Aliados lembram também que, além de Alckmin, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, viajaram recorrentemente à capital paulista e representaram Lula em compromissos.

Mudança de postura em ano eleitoral

Lula deve intensificar agendas em São Paulo e em outras grandes cidades no ano que vem, quando iniciará sua peregrinação para as eleições municipais. Ele será o principal cabo eleitoral do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) na disputa à prefeitura da capital paulista contra o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB).

Além do compromisso governamental, Lula quer aproveitar a viagem a São Paulo neste sábado para promover o encontro entre Boulos e Marta Suplicy (sem partido). O presidente articula para que a atual secretária de Relações Internacionais da administração de Nunes na Prefeitura seja a candidata vice na chapa do deputado do PSOL. A ideia é que Marta volte para o PT, sigla que deixou em 2015 após criticar casos de corrupção no partido.

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O petista também deve atuar na campanha eleitoral do deputado estadual Fernando Ferreira (PT-SP), que disputará a Prefeitura de São Bernardo do Campo. A cidade é o berço político de Lula, que liderou greves de metalúrgicos durante a Ditadura Militar.

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