O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a comentar o projeto de lei sobre o aborto que tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados. Lula afirmou que a matéria, encabeçada pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-SP), não se trata de projeto, “mas de carnificina contra as mulheres”.
A declaração foi feita em entrevista ao portal UOL, nesta quarta-feira, 26. Lula ainda afirmou que o projeto “criminaliza a vítima”, quando prevê pena para mulheres que realizem o procedimento após 22 semanas de gestação, mesmo em caso de estupro.
“O projeto apresentado não era projeto, era uma carnificina contra as mulheres”, declarou. “Porque, na verdade, ele estava criminalizando a vítima.”
O presidente também afirmou aos jornalistas que os deputados que fizeram o que qualificou como “bobagem” sabem “do erro que cometeram”. Entre os 56 signatários do projeto, 36 parlamentares são do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A posição já conhecida do presidente, que se diz contra o aborto, foi reafirmada por ele, que também voltou a declarar que o tema deve ser encarado como questão de saúde pública.
Sobre a repercussão que o projeto de lei mobilizou, com protestos de diversos setores da sociedade civil em várias capitais brasileiras, o presidente demonstrou alívio, dizendo que “graças a Deus” houve resposta aos deputados.
Após a enxurrada de críticas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou a formação de uma “comissão representativa” para debater o tema do aborto. O anúncio foi feito na última terça-feira, 18. Lira não especificou como o grupo será formado e informou que o seu funcionamento será decidido em agosto.
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