O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que é preciso “punir severamente” os envolvidos no suposto ataque ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no Aeroporto de Roma. “Nós precisamos punir severamente pessoas que ainda transmitem ódio. Um cidadão desse é um animal selvagem, não é um ser humano”, disse o petista durante entrevista coletiva concedida em Bruxelas, nesta quarta-feira, 19, após a reunião de cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com a União Europeia (UE).
Moraes foi atacado por três brasileiros quando retornava ao País na sexta-feira, 14. Envolvidos nos ataques ao ministro, o empresário Roberto Mantovani Filho e sua mulher Andréia Munarão prestaram depoimento à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira, 18, em Piracicaba. Os dois e o corretor de imóveis Alex Zanatta Bignotto foram identificados pela PF e responderão a inquérito.
Uma mulher xingou o ministro de “bandido, comunista e comprado”. Mantovani, segundo a PF, reforçou os xingamentos e teria agredido fisicamente o filho do ministro. Zanatta se juntou aos dois com palavras de baixo calão. As informações foram confirmadas por interlocutores da PF e do Ministério da Justiça.
Na entrevista, Lula afirmou que “essa gente que renasceu no neofascimo, colocado em prática no Brasil, tem que ser extirpada, e nós vamos ser muito duros com essa gente, para eles aprenderem a ser civilizados”.
Na terça, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em dois endereços ligados a Mantovani e sua mulher. As ordens foram autorizadas pela presidente da Corte, ministra Rosa Weber. As diligências foram realizadas enquanto o casal prestava depoimento à PF. Os mandados foram cumpridos em Santa Bárbara d’Oeste e em Piracicaba, onde eles foram ouvidos. A PF ouviu o filho do casal, Giovani. Ele é testemunha do caso.
O advogado Ralph Tórtima Filho, que defende Mantovani e Andréia, disse que, no depoimento, o empresário relatou que houve um “entrevero” envolvendo o filho de Moraes, no aeroporto. “Ele (Mantovani) reconheceu que houve um entrevero com um jovem que estava no local e que esse jovem eles nem sequer sabiam quem era. Somente quando desembarcaram e foram abordados pela Polícia Federal no aeroporto é que tomaram conhecimento de que se tratava de um filho do ministro”, afirmou. O estopim da briga teria sido a falta de lugares na sala VIP de espera do aeroporto de Roma.
Após a coletiva, Lula embarcaria para Praia, capital de Cabo Verde, onde será recebido ainda nesta quarta pelo presidente do país, José Maria Neves. Logo após o encontro, o presidente retorna a Brasília.
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