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Lula diz esperar que Bolsonaro faça transição de governo: ‘se necessário, recebo a faixa do povo’

Candidato do PT afirmou neste sábado, 29, que, caso vença a eleição, espera que seu opositor reconheça a derrota e lhe telefone depois dos resultados

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Foto do author Eduardo Gayer
Foto do author Beatriz Bulla

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse esperar, caso saia vencedor nas eleições desde domingo, 30, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) aceite fazer a transição de governo. O petista afirmou, contudo, que não será um problema se Bolsonaro não quiser “passar a faixa” presidencial. “Eu se for necessário recebo a faixa do povo brasileiro, coloco lá uma centena de trabalhador para me entregar a faixa, não precisa ser ele”, disse o petista, em entrevista coletiva realizada na tarde deste sábado, 29.

Na sexta-feira, 28, após o debate transmitido pela TV Globo, Bolsonaro pela primeira vez afirmou que “quem tiver mais voto, leva” sem fazer condicionantes sobre a aceitação dos resultados desta eleição – como ocorreu várias vezes nos últimos meses, quando colocou o sistema eleitoral em dúvida. “Eu disputei muitas eleições, quem perde vai para casa lamentar e quem ganha vai festejar. É simples. Nós só temos um caso, do presidente Figueiredo, não ir passar a faixa para o presidente Sarney. Mas isso é o de menos”, disse Lula.

Coletiva de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) neste sábado, 29, véspera de eleição Foto: Marcela Villar

“Agora, se ele for educado, civilizado, for um cidadão do século 21, ele simplesmente reconhece, telefona para o vitorioso, e nós vamos propor mandar uma equipe para fazer a transição, espero que ele faça a transição para que a gente conheça o que tem dentro, e quando for dia 1.º de janeiro, ele fala tchau, vai embora e eu entro. Não tem dificuldade, não tem que fazer curso, é simples”, disse Lula, acrescentando que espera de Bolsonaro um telefonema, caso o atual presidente perca nas urnas.

A polêmica das MEIs

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O ex-presidente rebateu uma das narrativas de aliados de Bolsonaro nas redes sociais sobre seu posicionamento a respeito dos microempreendedores individuais (MEIs). Depois do debate presidencial de ontem, a campanha de Bolsonaro passou a divulgar que Lula é contra quem é MEI. Isso porque, no debate, Bolsonaro falou dos números de empregos criados durante seu governo e Lula disse que ele estava colocando o MEI nesta conta e que na época dele, Lula, “tinha carteira profissional assinada”. “Ele está tentando trabalhar na rede social uma grande mentira”, disse Lula.

“Eu, sinceramente, não consigo conceber como alguém disputa uma eleição mentindo descaradamente a campanha inteira, não tem limite para contar mentira”, disse Lula. O petista disse ainda que o “parceiro e orientador” de Bolsonaro é um “juiz mentiroso”, ao falar sobre Sérgio Moro.

Ainda sobre o debate, Lula afirmou que “sentiu na carne o quanto é difícil você fazer debate com pessoas que descaradamente mentem, pessoas que não tem nenhum respeito com a verdade”. “Eu tenho 77 anos, nunca tinha visto uma fábrica de produzir mentira, maldade, como o presidente que governa esse país”, afirmou Lula. “Graças a Deus me parece que o povo brasileiro está maduro, está cansado e eu acho que o povo brasileiro vai fazer a troca”, disse.

O petista chegou a comparar a atuação nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro (PL) a de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos. “Não sei se é, mas parece uma filial de Trump. Não é possível fazer campanha com essa quantidade de fake news 24h por dia”, disse, após agradecer a imprensa por ajudar a desmentir mentiras propagadas nas eleições.

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Mais apoios

Lula estava acompanhado do ex-presidente do Uruguai José Mujica e disse que, se eleito, pretende fazer viagens para “restabelecer” relações do Brasil com outros países. “Uma das coisas que quero fazer assim que ganhar eleições é fazer uma viagem para restabelecer nossa relação com a América do Sul, com os EUA, com a China, para restabelecer um padrão de civilidade na relação internacional do Brasil”, disse Lula.

Em curto pronunciamento, o candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin, rebateu Bolsonaro, que durante o debate de ontem perguntou por que Lula e Alckmin foram contrários à transferência de Marco Willians Herbas Camacho, também conhecido como Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), para um presídio federal.

“Primeiro, isso foi em 2018. Quem pediu a transferência não foi ele, foi o MP-SP, quem autorizou também não foi ele, foi o TJ-SP. Eu não era o governador, e o (Sérgio) Moro no seu livro, na página 150, ele relata que recebe um Whatsapp ou e-mail do presidente Bolsonaro dizendo que não deveria ser feita a transferência, que ele estava preocupado, porque isso poderia criar problema com o governo federal e que ele era contra a transferência. Mentira em relação a mim, em relação a Lula, em relação à iniciativa e ainda, segundo o próprio Moro, ele (Bolsonaro) era contra a transferência”, disse Alckmin.

Encerramento da campanha

Lula e Haddad encerrarão a campanha com ato na Avenida Paulista, na tarde deste sábado. O local é simbólico para a esquerda, pois foi o palco de manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) e a favor do presidente Jair Bolsonaro (PL) nos últimos anos. Integrantes da campanha organizam uma passeata com estrutura de “desfile de carnaval”.

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A ideia é dividir os apoiadores em “alas temáticas”, como democracia, saúde, trabalho e renda. Cada ala terá uma cor diferente e está sendo organizada por um movimento social, grupo ou partido. A ala da saúde, por exemplo, vestirá azul claro e terá referências a vacinas. Lula e Haddad devem desfilar em meio a pessoas de branco, para representar esperança.

No domingo, o petista vota em São Bernardo do Campo (SP) de manhã e faz um pronunciamento à noite, após a divulgação dos resultados, em hotel na capital paulista. O entorno do petista espera retornar à Avenida Paulista na noite de domingo para celebrar a vitória contra Bolsonaro.

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