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Alckmin ‘mais ágil’ e Haddad mais presente no Congresso: as broncas públicas de Lula nos ministros

Lula pediu que ministros divulguem mais ações do governo e proibiu ‘ideias novas’ dos integrantes da Esplanada; veja os casos

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Foto do author Gabriel de Sousa

BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou publicamente nesta segunda-feira, 22, a participação de quatro dos seus principais ministros na articulação política. Essa não foi a primeira bronca do presidente nos chefes das pastas desde o início do governo. Em outras ocasiões, ele já afirmou que quer maior divulgação das ações do governo federal pelos integrantes da Esplanada, exigiu que os ministros viagem mais pelo País e proibiu “ideias novas” do alto escalão.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva  Foto: Wilton Junior/Estadão

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Nesta segunda-feira, 22, durante o lançamento do programa Acredita, que prevê créditos para pequenos negócios e MEIs, Lula disse que o vice-presidente Geraldo Alckmin, que acumula o cargo de ministro do Desenvolvimento, Comércio e Indústria e Serviços, deve ser “mais ágil”, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve ler menos e estar mais presente no Congresso. O presidente também afirmou que os ministros Wellington Dias, do Desenvolvimento Social, e Rui Costa, da Casa Civil, devem “passar uma parte do tempo conversando” com os parlamentares.

O programa lançado pelo governo federal vai tramitar no Congresso como medida provisória e, por isso, precisará da aprovação da Câmara e do Senado para continuar em vigor. Segundo Lula, o PT tem poucos congressistas no universo de 513 deputados e 81 senadores e, por isso, é necessário uma maior atuação dos ministros.

“Isso significa que o Alckmin tem de ser mais ágil, tem de conversar mais. O Haddad tem de, sabe, ao invés de ler um livro, ele tem de perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington e o Rui Costa (devem) passar uma parte do tempo conversando”, disse o presidente.

Viagens dos chefes das pastas pelo País

Em reunião ministerial feita no dia 18 de março, Lula mostrou aos ministros a sua preocupação com a falta de divulgação dos programas do governo. Segundo o presidente, se os ministros não viajarem pelo País para apresentar as iniciativas da gestão, há um risco das políticas “não crescerem”.

No mesmo dia, o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, respondeu a questionamentos sobre as cobranças do presidente durante o programa Roda Viva, da TV Cultura. De acordo com o ministro, Lula pediu aos chefes das pastas que falem mais do governo federal e não só dos seus ministérios em visitas pelos Estados.

“Naturalmente, ele pede que cada ministro possa, quando visitar os Estados, não só falar da sua pasta, mas falar do governo como um todo. Naturalmente, como um presidente que quer que o Brasil dê certo, como todos nós queremos, ele está pedindo para todos nós a agilidade na cartela de obras e nos investimentos dos ministérios”, afirmou o ministro dos Portos e Aeroportos.

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Três dias depois, em 21 de março, no lançamento do Plano Juventude Negra Viva, o presidente demonstrou preocupação com a “complexidade do programa” ao abranger tantas pastas. “Se cada um falar apenas só das suas coisas, do seu ministério, não adianta um programa com 18 ministros. Senão vira um programa natimorto, foi anunciado, mas não cumpriu com aquilo que era a obrigação do programa”, disse Lula, durante a cerimônia de lançamento do Plano Juventude Negra Viva, em 21 de março.

Cobrança por redução da fila do SUS

A reunião do dia 18 de março também foi marcada pelas críticas de Lula à ministra da Saúde, Nísia Trindade. O presidente reclamou da situação dos hospitais federais no Rio, que sofrem com materiais vencidos e falta de atendimento. Diante de Nísia e dos demais membros da Esplanada, o petista disse que vai “trocar quem tiver que trocar” para resolver o problema na saúde fluminense.

A pasta de Nísia é cobiçada pelo Centrão, que deseja maior acesso às emendas distribuídas pela pasta. Após a bronca, Lula disse que a chefe da Saúde tem a sua confiança.

Nísia Trindade, ministra da Saúde, e o presidente Lula em 8 de abril Foto: Wilton Junior/Estadão

No último dia 8 de abril, durante um evento do Ministério da Saúde, Lula detalhou que, naquela reunião, ele disse que Nísia deveria começar a “falar grosso” sobre a questão dos hospitais no Rio.

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“Outro dia, em uma reunião dos ministérios, eu disse para Nísia que ela tinha que falar grosso na questão na saúde. Estava aquele problema dos hospitais do Rio de Janeiro. E a Nísia respondeu o seguinte: ‘presidente, eu não posso falar grosso porque eu sou mulher, eu falo manso’”, disse o presidente, complementando que a ministra tem credibilidade em seus discursos.

Lula também usou uma mensagem de Páscoa para fazer novas cobranças a Nísia no fim de março. Em um vídeo publicado no X, o petista pediu a redução da fila de espera para cirurgias de quadril no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o presidente, que fez o procedimento no ano passado, mais de 40 mil pessoas esperam um chamamento pelo SUS.

“Eu vou conversar com a nossa ministra da Saúde na perspectiva de fazer com que essa fila possa andar. Não é possível as pessoas ficarem com dores como eu fiquei”, afirmou.

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Proibição de ‘novas ideias de ministros’

Em reunião ministerial realizada em junho do ano passado, Lula proibiu que os seus ministros tivessem “novas ideias”. O petista disse que o governo federal deveria entregar aquilo que foi prometido durante a campanha presidencial de 2022.

“Quando a Miriam (Belchior) falou de PAC 3 eu falei para mudar de nome, mas está difícil achar outro nome, então acho que vai ser PAC 3 mesmo. É um nome que já está consolidado com a sociedade. Daqui para frente, a gente vai ser proibido de novas ideias, vamos ter que cumprir o que propusemos”, disse Lula, ao falar da nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) lançado em agosto.

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