BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira, 15, em reunião com ministros que “novas ideias” estão “proibidas” e que o governo terá de cumprir o que prometeu. Ao abrir o encontro, o petista pediu que os ministros dissessem o que já foi feito em suas pastas, citassem dificuldades e adiantassem os próximos passos. Segundo Lula, o governo terminou a primeira etapa de reorganização das políticas públicas.
“Essa talvez seja a última reunião ordinária que eu faça antes da reunião que faremos no fim do ano. Até agora tratamos da organização dos ministérios, da briga do orçamento, tentando recuperar parte de todas as políticas públicas que tinham sido desmontadas, essa parte já está cumprida. Precisamos fazer o lançamento do Luz para Todos, que ainda vamos anunciar, e do Água para Todos”, afirmou, na abertura da reunião ministerial.
Segundo Lula, o governo irá lançar no começo de julho um novo programa de desenvolvimento. “Quando a Miriam (Belchior) falou de PAC 3 eu falei para mudar de nome, mas está difícil achar outro nome, então acho que vai ser PAC3 mesmo. É um nome que já está consolidado com a sociedade. Daqui para frente, a gente vai ser proibido de novas ideias, vamos ter que cumprir o que propusemos”, completou.
Todos os ministros foram convidados. A titular do Turismo, Daniela Carneiro, participou do encontro que deve marcar sua despedida do governo. Lula a manteve no cargo, mas aliados do petista já admitem que ela deixará a pasta. O nome do deputado Celso Sabino (União Brasil-PA) deve ser o substituto, em uma vitória do Centrão para ocupar espaço no governo.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, não participou da reunião. Ela foi internada em São Paulo com fortes dores na coluna. De acordo com boletim médico do Incor, Marina deu entrada na segunda-feira, 12. O quadro é estável e há previsão de alta para os próximos dias. Ela foi representada pelo secretário executivo da pasta, João Paulo Capobianco.
Já o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, foi representado na reunião pelo secretário executivo da pasta, Chico Macena. Marinho está em Genebra, na Suíça, para conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
‘Divergências políticas’
Mais cedo, em entrevista a um pool de rádio de Goiás, Lula afirmou há pouco ser preciso “repartir a governança do País” após sua eleição por uma frente ampla no ano passado. “A coisa mais normal que existe na política é divergência”, disse.
“A gente repartiu a nossa vitória, temos que repartir a governança nesse país”, acrescentou. De acordo com o presidente, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, “trata todo mundo com máximo de respeito e de decência”.
O governo, porém, vive sob cerco político e virou refém do presidente da Câmara, Arthur Lira. Como mostrou o Estadão, o deputado diz que age como facilitador, mas pressiona governo por liberação de emendas e cargos. Sem maioria no Congresso e com falhas na articulação política, Lula depende do Centrão para aprovar projetos.
Na entrevista, Lula voltou a tentar serenar os ânimos do País polarizado. “Quando eleições acabam, a gente tem que governar”, declarou o presidente. O presidente voltou a atribuir a divergências ideológicas a resistência do agronegócio ao seu governo. “O problema conosco é ideológico. Não é dinheiro ou o Plano Safra”, afirmou.
Em uma live na terça-feira, Lula afirmou que “nunca teve problema” com o agronegócio. O problema pode ser ideológico. Se for ideológico, paciência, nós vamos estar em campos ideológicos diferentes”, disse.
Na entrevista desta quinta-feira, Lula ainda fez um aceno à ex-ministra da Agricultura no governo Bolsonaro Tereza Cristina (PP-GO), eleita com votação expressiva no Estado que o petista visitará amanhã. “Não conheço Tereza Cristina, mas tenho impressão de que ela é muito séria”, acenou Lula.
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