BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o economista Márcio Pochmann, indicado pelo governo para comandar a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A escolha foi amplamente criticada por economistas e políticos – Pochmann é visto como integrante da ala radical do PT.
“Não é aceitável as pessoas tentarem criar uma imagem negativa de uma pessoa da qualificação do Márcio Pochmann. É um dos grandes intelectuais desse país, um rapaz extremamente preparado”, disse Lula durante live nas redes sociais.
Na transmissão, Lula rebateu as críticas de que, com a escolha de Pochmann, o IBGE passaria a adulterar as estatísticas a favor do governo e de que órgão corria risco de ser “aparelhado” pelo PT. “Escolhi (o Pochmann) porque confio na capacidade intelectual dele”, declarou o presidente da República.
Pochmann é um economista heterodoxo e integrante do PT. Já foi candidato a deputado federal e a prefeito de Campinas – ele é professor da Unicamp, onde ele fez seu doutorado. Também presidiu o Ipea entre o fim do governo Lula e o início da gestão de Dilma Rousseff.
Polêmico, o economista já fez críticas ao Pix e defendeu alíquota de até 60% para o imposto de renda.
A indicação de Pochmann foi cercada de críticas. O economista Edmar Bacha, que presidiu o IBGE nos anos 80, disse em entrevista ao Estadão que se sentia “ofendido”.
“Pochmann é um ideólogo. Tem uma visão totalmente ideológica da economia. E não terá problema de colocar o IBGE a serviço dessa ideologia, como fez no Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Estou ofendido como ex-presidente do IBGE”, afirmou Bacha, que também participou da elaboração do Plano Real.
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A escolha também teria incomodado a ministra do Planejamento, Simone Tebet, que está em um ministério da área econômica de Lula apesar de ser mais próxima do liberalismo. O IBGE é vinculado ao mistério de Simone. O órgão é o principal provedor de dados oficiais e informações do País que são base para as decisões políticas, pesquisas e ações de desenvolvimento.
Lula disse que a ministra foi informada com antecedência da escolha de Pochmann para o cargo, e que a troca não foi efetivada antes porque ela havia ponderado ser necessário terminar antes as atividades relacionadas ao Censo realizado no ano passado. No entanto, como mostrou a Coluna do Estadão, o episódio desgastou a ministra.
O presidente da República disse que não passou por cima de sua ministra, já que “presidente nunca atropela”. A escolha de Pochmann foi uma das principais notícias da semana passada. De acordo com Lula, a ministra não tem nada a ver com o imbróglio que o assunto se tornou. “A Simone é uma das coisas boas que aconteceram no meu governo”, declarou o presidente.
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