BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou o interesse do Brasil em sediar a próxima Copa do Mundo Feminina, em 2027, e lamentou o “clima negativo” da Mundial de 2014 – marcado por manifestações contra o torneio de futebol. Lula minimizou as denúncias de corrupção na construção e reforma de estádios e, ao admiti-las, disse que nenhum caso foi comprovado.
“Em 2014, eu fiquei frustrado porque conseguimos trazer a Copa do Mundo aqui no Brasil e 2013 foi um inferno neste País. Foi um clima muito negativo” afirmou. “Tudo se dizia que tinha corrupção nos estádios. E não se provou corrupção. Não foi provado que teve corrupção em nenhum Estado, mas as denúncias aconteceram”, disse ao visitar o treino da seleção feminina, em Brasília. Em 2013, ocorreram no Brasil as Jornadas de Junho.
Delações da Operação Lava Jato, no entanto, mostraram que nove das 12 arenas feitas ou reformadas foram alvo de denúncias de esquema de corrupção. Em maio de 2022, o juiz federal afastado Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, chegou a condenar o ex-governador Sérgio Cabral a 17 anos, 7 meses e 9 dias de prisão por supostamente ter recebido R$ 78,9 milhões em propinas da Odebrecht em obras realizadas na capital no início do seu primeiro mandato.
O processo foi aberto a partir das investigações da extinta Lava Jato e incluiu acusação de repasses indevidos oriundos da reforma do estádio do Maracanã para a Copa de 2014, além de outras obras realizadas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Na decisão, Bretas imputou crime de corrupção passiva ao ex-governador. Cabral recorreu e o processo corre em segunda instância.
Delações de ex-executivos de construtoras como Odebrecht e Andrade Gutierrez também apontaram irregularidades em outros estádios. As denúncias apontaram que os acusados teriam se beneficiado de pelo menos R$120,9 milhões
Lula tratou ainda do estádio da capital federal. “Brasília nunca pensou ter um estádio dessa envergadura. Isso aqui é um estádio de primeiríssima qualidade”, disse o presidente, ao elogiar uma das obras feitas para o Mundial. Estádio com orçamento mais alto da Copa, o Mané Garrincha custou R$ 1,4 bilhão e é um dos principais elefantes brancos construídos para a realização do evento.
O presidente acompanhou o treino para o último amistoso da seleção feminina de futebol antes da Copa do Mundo feminina, na Austrália. A equipe comandada pela sueca Pia Sundhage enfrentará o Chile neste domingo, 2, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Segundo Lula, como maior parte da infraestrutura para a realização de um Mundial já está feita, desta vez “a Copa (feminina) não vai trazer muito gasto”.
Apoio às jogadoras
A primeira-dama, Janja, e um time de ministros acompanharam o encontro de Lula com a seleção e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues. Compareceram os chefes de pastas Ana Moser (Esporte), Anielle Franco (Igualdade Racial), Cida Gonçalves (Mulher), Paulo Pimenta (Comunicação Social) e Márcio Macedo (Secretaria da Presidência).
O presidente discursou e deu uma mensagem de apoio às jogadoras, elogiou a treinadora Pia Sundhage e relatou o esforço com junto com Ana Moser para o estímulo ao esporte feminino no Brasil. “Nós precisamos garantir a prática de esporte das mulheres na mesma proporção e quantidade dos homens”, afirmou Lula.
Ele posou para uma foto segurando uma camisa verde e amarela da seleção e uma preta, com o nome de Vinícius Júnior, atacante do Real Madrid, vítima de racismo em partidas do campeonato espanhol. Apenas a primeira-dama vestia o traje verde e amarelo da CBF.
A seleção feminina viaja para a Austrália já na segunda-feira, 3, e vai em busca do primeiro título mundial feminino. O Brasil já foi vice-campeão da competição, em 2007, quando perdeu para a Alemanha, por 2 a 0.
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