Lula indica recusar reeleição se eleito em outubro: ‘Daqui a 4 anos vai ter gente nova’

Petista afirma que, se vencer disputa, não pretende ser um presidente da República ‘nervoso’, ‘que está pensando em sua reeleição’, mas evita apresentar Alckmin como sucessor natural

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Por Redação
Atualização:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 76 anos, afirmou nesta sexta-feira, 1.º, que, caso eleito em outubro, não vai tentar a reeleição ao término do mandato. Segundo ele, ao lado do vice, Geraldo Alckmin (PSB), de 69 anos, a prioridade do governo será “recuperar” o Brasil.

“O que eu quero é deixar o País preparado, quero lutar contra fome”, disse, em entrevista à rádio Metrópole, de Salvador. Ele destacou que teria “quatro anos” para trabalhar e que estabeleceria uma relação de “irmandade” com os governadores.

Lula e Alckmin em evento de apoio do Solidariedade ao petista: ex-governador de São Paulo migrou ao PSB para assumir a vice. Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

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A escolha de Alckmin como vice foi articulada diretamente pelo petista, que aposta no nome do ex-governador de São Paulo para atrair eleitores de centro, parte da elite empresarial, do agronegócio e do eleitorado considerado mais conservador e religioso. Fundador do PSDB, Alckmin migrou para o PSB há apenas alguns meses para assumir o posto na chapa.

O ex-tucano evita comentar a hipótese de disputar a sucessão do petista, mas integrantes do PSB não escondem essa expectativa. Ainda assim, Lula não citou o nome do ex-governador nesse contexto de um segundo mandato. “Daqui a quatro anos vai ter gente nova”, afirmou Lula, que completa 77 anos em outubro e teria já 81 ao buscar um eventual novo mandato em 2026. Já Alckmin chega aos 70 anos em novembro, pouco depois do pleito atual.

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A minha tarefa neste instante é assumir a minha responsabilidade política, eu fiz um acordo com o Alckmin e ele aceitou ser meu vice, para a gente começar a reconstruir o País.”

Lula

Durante a entrevista, Lula disse que grupos empresariais falam apenas em “teto de gastos” e “política fiscal” sem considerar a política social. Segundo ele, esses empresários - o petista não citou nomes - vivem em uma espécie de “redoma de vidro”. “Na cabeça dessa gente não existe pobreza, não existe fome, não existe gente dormindo na rua, [...] não tem criança morrendo de desnutrição”, afirmou.

Apesar das declarações do ex-presidente, dirigentes do PT e o próprio Lula se movimentam para manter pontes abertas com o empresariado e angariar recursos para a campanha. Além disso, a prévia do programa de governo também evitou assuntos polêmicos, como a “revogação” da reforma trabalhista. Na semana que vem, por exemplo, Lula deve se reunir com o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva.


O petista participa em Salvador, neste sábado, das comemorações de 2 de julho, data que marca a independência do Brasil na Bahia. “Não vou fazer motociata, eu vou conversar com o povo”, afirmou. O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, também estarão na capital baiana para as comemorações.

Na entrevista, Lula ainda fez críticas ao Congresso, que, segundo ele, “se apoderou” do Orçamento da União. E ainda prometeu revogar todos os sigilos de cem anos impostos pelo presidente Bolsonaro em casos sensíveis ao atual governo.

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Reação

Pouco depois da entrevista de Lula, Alckmin se manifestou nas redes sociais, destacando a parceria com o petista. Apesar de o perfil de Lula ter compartilhado outros diversos trechos da entrevista, o ex-tucano se ateve à postagem em que era citado e fazia referência à reeleição.

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