O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vitorioso das urnas neste domingo, 30, após atrair para a sua campanha uma “frente ampla” que reuniu não somente apoiadores costumeiros, como também partidos e adversários históricos, além de figuras que construíram suas carreiras políticas distantes do PT ou que haviam rompido com a legenda.
O palco montado para o primeiro discurso do petista após o fim da apuração, em um hotel em São Paulo, deu sinais das possíveis composições que devem ocorrer no próximo governo. Ao lado de Lula, estavam o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), seu rival em outras ocasiões; os senadores Randolfe Rodrigues (Rede), Simone Tebet (MDB) e Eliziane Gama (Cidadania); o prefeito do Recife, João Campos (PSB); a deputada federal eleita Marina Silva (Rede); os ex-ministros Alexandre Padilha (PT) e Celso Amorim, entre outros.
O petista planeja desmembrar os “superministérios” criados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), como o da Economia e da Justiça, e criar novas pastas, como a dos Povos Originários. Dessa forma, o número de ministérios deve passar dos atuais 23 para 34. As cadeiras já estão em disputa, e Lula admite que terá de preterir alguns nomes do PT para contemplar integrantes da “frente ampla” que o ajudou a se eleger.
Como noticiou a coluna de Vera Rosa, no Estadão, a entrada da senadora Simone Tebet no primeiro escalão é dada como certa. A parlamentar, que se engajou na campanha de Lula após ficar em terceiro lugar no primeiro turno, já manifestou interesse em comandar a Educação, pasta que sempre foi cobiçada pelo PT. O senador eleito Flávio Dino, do PSB de Alckmin, pode assumir a Justiça, que provavelmente será separada da Segurança Pública.
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A indicação para a Economia - que deve ser rebatizada para Fazenda - é uma incógnita desde a campanha. Um dos nomes mais cotados é o do petista Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde no governo de Dilma Rousseff. Constam ainda da lista o ex-prefeito Fernando Haddad, que perdeu a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, o senador eleito Wellington Dias e o governador da Bahia, Rui Costa, todos do PT. O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, presidente do Banco Central na gestão Lula, poderá ocupar outro cargo, ainda não definido. O secretário da Fazenda de São Paulo, Felipe Salto, deve ir para o Tesouro.
Haddad também é cotado para a Casa Civil, por ser considerado alguém de perfil mais técnico, embora também tenha traquejo político. Há, ainda, nomes que o presidente eleito vê como curingas. É o caso de Wellington Dias, que administrou duas vezes o Piauí; do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB); da deputada eleita Marina Silva (Rede), ex-ministra do Meio Ambiente; e dos senadores Jaques Wagner (PT) e Randolfe Rodrigues (Rede), além do ex-chanceler Aloysio Nunes, primeiro nome do PSDB a apoiar o petista, e o ex-coordenador do programa de governo Aloizio Mercadante (PT), que foi ministro da Educação, da Ciência e Tecnologia e da Casa Civil na gestão Dilma.
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Alexandre Padilha
Médico, foi ministro da Saúde do governo Dilma e secretário da Saúde da capital paulista na gestão de Fernando Haddad (PT). Foi ministro da Coordenação Política do ex-presidente Lula. Nestas eleições, foi eleito deputado federal por São Paulo. É filiado ao PT desde os 17 anos de idade.
Aloizio Mercadante
Foi senador entre 2003 e 2010. Assumiu o Ministério da Ciência e Tecnologia entre 2011 e 2012, no governo de Dilma Rousseff, e a Educação entre 2015 e 2016. Ele é formado em Economia pela Universidade de São Paulo e lecionou na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Aloysio Nunes
Foi deputado estadual, deputado federal e senador pelo PSDB. Foi um dos primeiros tucanos da “velha guarda” a anunciar apoio a Lula nestas eleições. Foi ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), entre 2001 e 2002; ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência no mesmo governo, entre 1999 e 2001; e ministro das Relações Exteriores de Michel Temer. Também foi vice-governador de São Paulo.
Felipe Salto
É secretário da Fazenda da gestão de Rodrigo Garcia (PSDB) em São Paulo. Formou-se em Economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e é especialista em Administração Pública, Governo e Finanças Públicas. Foi diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado entre 2016 e 2022.
Fernando Haddad
Foi ministro da Educação de 2005 a 2012, nos mandatos de Lula e Dilma. Se descompatibilizou do cargo para disputar a Prefeitura de São Paulo, cargo para o qual foi eleito. Perdeu a reeleição para João Doria (PSDB) em 2016. Em 2018, disputou a Presidência da República e perdeu para Jair Bolsonaro. Neste ano, disputou o governo de São Paulo e perdeu para Tarcísio de Freitas. É professor da Universidade de São Paulo (USP).
Marina Silva
Foi ministra do Meio Ambiente de 2003 a 2008, no governo Lula, e deixou o cargo por desentendimentos com a condução da Casa Civil, à época chefiada por Dilma. Rompeu definitivamente com o PT em 2014, quando foi alvo de campanha difamatória pelo partido na disputa da Presidência da República. Foi senadora pelo Acre de 1995 a 2011. Já passou pelo PV, PT, PSB e hoje é filiada à Rede.
Randolfe Rodrigues
É senador pelo Estado de Amapá e líder da oposição no Senado. Natural de Garanhuns (PE), município ‘colado’ em Caetés, onde Lula nasceu. Foi vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Foi um dos coordenadores da campanha do petista ao Planalto. É formado em História pela Universidade Federal do Amapá.
Simone Tebet
Senadora, foi candidata à Presidência nas Eleições 2022, terminando a disputa em terceiro lugar. Em 2002, foi eleita deputada estadual no Mato Grosso do Sul. Em 2004, assumiu a prefeitura de Três Lagoas (MS), sua cidade natal. Ficou no cargo até 2010, quando foi eleita vice-governadora do Estado. Ganhou projeção nacional quando participou da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid.
Wellington Dias
Foi senador pelo Piauí entre 2011 e 2019. Governou o Estado por quatro mandatos, de 2003 a 2010 e de 2014 a 2022. É filiado ao PT desde 1985.
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