Lula insiste na narrativa do ‘nós contra eles’ e diz que atos golpistas foram ‘revolta dos ricos’

Em posse de Mercadante no BNDES, petista diz que ‘povo pobre pode cansar de ser pobre’ e ‘fazer coisas mudarem’

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Foto do author Rayanderson Guerra
Atualização:

RIO – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetiu a narrativa do “nós contra eles” adotada ao longo de governos petistas e afirmou, na manhã desta segunda-feira, 6, no Rio, que os atos golpistas que resultaram na depredação da sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro, foram “uma revolta dos ricos que perderam as eleições”. A declaração ocorreu durante a posse de Aloizio Mercadante como presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“A gente não sabe até quando a gente vai segurar...”, afirmou o presidente. “Porque o que aconteceu no Palácio do Planalto, no Palácio da Alvorada (sic), na Suprema Corte e no tribunal (sic) foi uma revolta dos ricos que perderam as eleições”, disse Lula. Apesar de o petista citar o Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, o prédio não foi invadido. Os ataques atingiram em especial a sede do STF, o Palácio do Planalto (sede administrativa do Executivo federal) e o Congresso (incluindo a Câmara e o Senado).

Mercadante, Lula e Alckmin durante cerimônia no BNDES, no Rio Foto: Mauro Pimentel/AFP

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O pronunciamento do presidente, quase um mês após o ataque aos palácios em Brasília, marca o reforço de um discurso adotado nos 13 anos do PT no governo federal. Ao longo de 20 anos, a polarização estimulada pelo petista foi marcada por críticas ao PSDB, à administração de Michel Temer (MDB), que assumiu após o impeachment de Dilma Rousseff, e ao governo Jair Bolsonaro.

Eleito com 50,9% dos votos válidos, Lula buscou passar a ideia de que sua candidatura seria uma “frente ampla” contra Bolsonaro. Após o triunfo nas urnas, falou em reconciliação dos brasileiros divididos pela política, afirmando não haver “dois Brasis”. Desde a posse, porém, tem repetido a tática de Bolsonaro de falar para a base mais fiel.

Nesta segunda, o petista voltou à carga: “Foi uma revolta de muita gente rica que não queria perder as eleições. Nós não podemos brincar, porque um dia o povo pobre pode se cansar de ser pobre e pode resolver fazer as coisas mudarem neste país”.

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Lula afirmou ainda ter vencido as eleições de 2022 “exatamente para fazer as mudanças que não eram feitas”. “Se nós conseguirmos decepcionar esse povo, e o povo passar a desacreditar em nós, eu fico pensando o que será deste país”, disse. “Este país não pode continuar sendo governado para uma pequena parcela da sociedade. Este país tem de ser governado para a grande maioria do povo brasileiro.”

Denunciados

Na mais recente denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra envolvidos nos ataques, na semana passada, foram implicadas 152 pessoas. Ao todo, já foram apresentadas ações contra 653 pessoas na Justiça.

Segundo o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, que assina as denúncias, o Quartel-General do Exército apresentava “evidente estrutura a garantir perenidade, estabilidade e permanência” dos manifestantes que defendiam a tomada do poder. Além da condenação e prisão, a Procuradoria também pede o pagamento de uma indenização “em razão dos danos morais coletivos evidenciados pela prática dos crimes imputados”.