Lula diz que Braga Netto tem direito à presunção de inocência, ‘mas se fez, terá que ser punido’

Candidato a vice de Jair Bolsonaro em 2022 foi preso preventivamente neste sábado por obstrução de Justiça

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BRASÍLIA - Após ter alta do hospital na manhã deste domingo, 15, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou sobre a prisão do general da reserva Walter Braga Netto, ocorrida na manhã do sábado, e afirmou que o militar deve ser punido “severamente” se for confirmada sua participação na tentativa de golpe de Estado.

“Acho que ele tem todo o direito a presunção de inocência. O que eu não tive, quero que eles tenham. Mas se esses caras fizeram o que tentaram fazer, eles terão que ser punidos severamente”, afirmou Lula em coletiva de imprensa no Hospital Sírio-Libanês.

Presidente Lula durante entrevista coletiva no Hospital Sírio Libanês Foto: Fabio Vieira/Estadão

Lula também afirmou que tem “paciência” com o caso de Braga Netto, e lamentou que um general de quatro estrelas tenha participado de uma conspiração contra autoridades. Também se referiu aos militantes mortos pela ditadura militar: “Este País teve gente que fez 10% do que eles fizeram e que foi morta na cadeia. Não é possível a gente aceitar um desrespeito à democracia, à Constituição, e admitir que num País generoso como o Brasil a gente tenha gente de alta graduação militar tramando a morte do presidente da República, do seu vice e de um juiz da Suprema Corte”.

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Lula também disse ter tido melhor noção de seu problema de saúde após a cirurgia a que foi submetido na semana passada. Ele passou por uma tomografia de controle neste domingo e deve passar por mais um exame do tipo na quinta-feira, mas os profissionais afirmam que ele se encontra estável, caminhando normalmente e teve um pós-operatório muito bom, dentro do que se esperava.

Indiciado pela Polícia Federal (PF) no inquérito que investiga uma tentativa de ruptura democrática decorrente da derrota eleitoral do então presidente Jair Bolsonaro (PL), Braga Netto foi preso preventivamente no sábado por obstrução de Justiça. Trata-se do primeiro general de quatro estrelas preso desde a redemocratização do País. Ele foi ministro da Casa Civil e da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022.

Braga Netto teve sua prisão mantida pelo juiz Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, auxiliar no gabinete do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF), após a audiência de custódia por videoconferência. A defesa do general afirmou que vai comprovar que ele não atuou para atrapalhar as investigações da PF.

Ao ordenar a prisão do general, Moraes afirmou que existem “fortes indícios” de que Braga Netto tenha contribuído de forma mais efetiva e de maior importância do que se sabia inicialmente para o planejamento e financiamento da tentativa de golpe que visava manter Jair Bolsonaro no poder. A decisão foi tomada com o apoio do procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Parlamentares bolsonaristas reagiram nas redes sociais em protesto à prisão de Braga Netto e ignoraram as suspeitas de que o militar tenha coagido testemunhas, como aponta relatório da Polícia Federal. Ao longo da manhã, deputados federais e senadores do PL se manifestaram. Eles difundem uma versão segundo a qual o País está passando por uma corrosão democrática, e dizem que a prisão é uma ofensa e humilhação às Forças Armadas. Há também críticas à atual cúpula militar, nomeada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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