O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi questionado em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, nesta quinta-feira, 25, sobre o fato de não criticar ditaduras latino-americanas de esquerda. O apresentador William Bonner perguntou se isso não pode ser visto como uma contradição para um democrata e o petista, mais uma vez, evitou ataques a regimes como o da Venezuela.
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“Precisamos respeitar a autodeterminação dos povos. Cada país cuida do seu nariz”, respondeu: “O Brasil vai ser amigo de todo mundo. O Brasil não tem contencioso internacional”.
Questionado se o PT não foi um dos responsáveis pelo atual cenário de polarização na política brasileira, Lula afirmou que polarização é diferente de estímulo ao ódio e que o Brasil era “feliz” quando a disputa política era entre PT e PSDB.
“Feliz era o Brasil e a democracia brasileira quando a polarização deste país era entre PT e PSDB. A gente era adversário política, trocava farpas... Quando a gente se encontrava em um restaurante, eu não tinha problema em tomar uma cerveja com o Fernando Henrique Cardoso, com o José Serra ou com o Alckmin. A gente não se tratava como inimigo. A militância é como torcida organizada. Política é assim. Você tem divergência, você briga, mas você não é inimigo”, afirmou.
William Bonner citou o fato de Lula ter usado a narrativa do “nós contra eles” durante o seu governo e questionou se isso não estimula a polarização. “Polarização é saudável no mundo inteiro. Tem nos EUA, na Alemanha, na França, na Noruega, na Finlândia... Não tem polarização no Partido Comunista Chinês, no Partido Comunista Cubano. Quando se tem democracia, a polarização é saudável. É estimulante. Não podemos confundir polarização com o estímulo ao ódio”, disse.
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