O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que hesitou em comparecer ao evento em celebração ao Dia do Exército que ocorreu na manhã desta quarta-feira, 19, horas antes de um novo episódio envolvendo os ataques golpistas de 8 de janeiro culminar no pedido de demissão do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Gonçalves Dias.
Em discurso durante evento em que anunciou a recomposição de R$ 2,44 bilhões do orçamento das universidades federais, Lula destacou ter participado mais cedo da solenidade do Dia do Exército, disse não guardar rancor dos militares pelo 8 de janeiro e enfatizou que “o Exército não é mais o Exército de Bolsonaro”.
“Hoje foi o Dia do Exército brasileiro e todo mundo sabe o quanto eu andava magoado com os militares desse País por conta de tudo o que aconteceu. Fiquei a noite inteira pensando ‘vou ou não vou?’. Tomei a decisão de ir e acho que Deus me ajudou a decidir”, disse o presidente.
“Fui para mostrar ‘eu não guardo rancor’. Esse Exército não é mais o Exército de Bolsonaro, é o Exército de Caxias, é o Exército com compromisso constitucional”, completou sobre a solenidade.
A fala de Lula vem após a CNN Brasil divulgar um vídeo no qual Gonçalves Dias aparece no Palácio do Planalto, no dia dos atos golpistas, sem confrontar invasores que estavam no andar do gabinete do presidente da República. A revelação levou o titular do GSI a pedir demissão do cargo nesta tarde, após reunião com o presidente.
Essa é a primeira demissão de um ministro do governo Lula. Em nota, a Secretaria de Comunicação da presidência diz que “todos os militares envolvidos no dia 8 de janeiro já estão sendo identificados e investigados no âmbito do referido inquérito. Já foram ouvidos 81 militares, inclusive do GSI”. A nota não cita o ministro-chefe do GSI.
Durante a cerimônia com os militares, o presidente afirmou que todos que participaram das manifestações antidemocráticas de 8 de janeiro em Brasília serão julgados. “Nós não deixaremos de julgar cada um dos golpistas porque nesse País não existe espaço para nazista, para fascista e para quem não gosta de democracia.”
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