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Lula diz que está ‘feliz’ em ter Juscelino Filho como ministro de seu governo

Ministro das Comunicações, Juscelino Filho foi indiciado pela Polícia Federal por supostos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa na semana passada

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Foto do author Gabriel de Sousa
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que está “feliz” em ter no governo o ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Deputado licenciado para ocupar vaga na gestão petista, Juscelino Filho foi indiciado pela Polícia Federal (PF) na semana passada por supostos crimes de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Lula e o ministro cumprem agenda em São Luís, colégio eleitoral de Juscelino, nesta sexta-feira, 21.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro das Comunicações, Juscelino Filho Foto: Wilton Junior/Estadão

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Em discurso, Lula também declarou que Juscelino tem prestado um bom serviço no governo federal. “trabalho sempre com ideia que nenhum ser humano é totalmente mal, também tem coisa boa”, afirmou Lula em uma entrevista para a Rádio Mirante News FM, da capital maranhense.

“Eu tenho que aguardar o processo. Você sabe o que eu falo para os meus ministros, quando acontece uma denúncia contra eles? Eu chamo eles para as minhas falas e falo o seguinte: ‘Olha, a verdade absoluta é só você que sabe. Nínguém sabe. É você e Deus, então eu quero que você me diga: você fez ou não fez? Se você fez, meu caro, vai embora’. Se você não fez, brigue. Porque se a gente não brigar, a gente é destruído sem ter o direito de defesa”, afirmou.

No último dia 12, a PF finalizou as investigações sobre sobre desvio de verbas federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) - caso revelado pelo Estadão em janeiro de 2023. A conclusão do inquérito foi a imputação dos supostos crimes cometidos por Juscelino.

No mesmo dia, Lula disse a jornalistas em Genebra, na Suíça, que o ministro das Comunicações tem o direito de “provar que é inocente”. O presidente anunciou ainda que iria conversar com Juscelino na última quinta-feira, 17, por telefone, o que não foi concretizado.

O petista também havia dito que iria se reunir com o ministro para decidir o seu futuro no governo, mas o encontro não ocorreu. Como mostrou a Coluna do Estadão, Lula demonstrou, nos bastidores, desconforto com o indiciamento de seu ministro. O presidente considera, no entanto, que Juscelino ocupa o cargo como indicação do União Brasil, e que a sigla deve ser ouvida antes de qualquer decisão.

De acordo com o Planalto, o encontro desta sexta-feira, 21, em São Luís vai ser realizado para o “anúncio de obras e ações do governo federal em vários setores”.

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Juscelino foi indiciado por supostas irregularidades em distribuição de verbas do orçamento secreto

O indiciamento se dá na esteira da Operação Benesse, fase ostensiva da investigação que foi aberta em setembro de 2023. Na ocasião, a PF mirou a irmã de Juscelino, a prefeita afastada de Vitorino Freire (MA) Luanna Rezende. Naquela época, a corporação chegou a solicitar buscas contra Juscelino Filho ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, mas a solicitação foi negada.

Em janeiro do ano passado, o Estadão revelou que Juscelino Filho direcionou R$ 5 milhões do orçamento secreto para a prefeitura de Vitorino Freire (MA) asfaltar uma estrada de terra que passa em frente à fazenda de sua família, no município maranhense. A pedido de Juscelino, durante seu mandato como deputado federal pelo União Brasil, os recursos foram parar na prefeitura da irmã.

Loteada pelo Centrão, a Codevasf operacionalizou a distribuição de verbas do orçamento secreto. Ao menos quatro empresas de amigos, ex-assessoras e uma cunhada do ministro ganharam mais de R$ 36 milhões em contratos com a prefeitura de Vitorino Freire.

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Em maio, uma auditoria interna da Codevasf concluiu que houve irregularidades em obras realizadas em Vitorino Freire com recursos indicados por Juscelino Filho. A conclusão se deu após a análise de dois contratos que totalizam R$ 8,988 milhões e tratam da estrada do ministro e outras ruas da cidade maranhense. A auditoria também constatou pagamentos indevidos para empresa contratada para as obras.

O ministro alega que a investigação “cria uma narrativa de culpabilidade perante a opinião pública, com vazamentos seletivos, sem considerar os fatos objetivos”. “É importante lembrar que o indiciamento não implica em culpa. A Justiça é a única instância competente para julgar, e confio plenamente na imparcialidade do Poder Judiciário. Minha inocência será comprovada ao final desse processo, e espero que o amplo direito de defesa e a presunção de inocência sejam respeitados”, diz o ministro em nota.

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