Lula diz que Bolsonaro é ‘sabidinho’ que ‘quis dar um golpe’

Presidente citou o adversário após ser questionado sobre a ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela; ex-presidente é julgado pelo TSE e pode se tornar inelegível

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Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de “sabidinho” que não aceitou o resultado eleitoral e “quis dar um golpe”. O petista disse que “tem gente que não quer aceitar o resultado eleitoral”. A afirmação foi feita em entrevista nesta quinta-feira, 29, dia em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) continua o julgamento que pode tornar Bolsonaro inelegível.

“Nós não tivemos um cidadão aqui, um sabidinho, que não quis aceitar o resultado eleitoral? Nós não tivemos um cidadãozinho aqui que quis dar golpe no dia 8 de janeiro? Tem gente que não quer aceitar o resultado eleitoral”, disse Lula, sem citar Bolsonaro nominalmente, em entrevista à Rádio Gaúcha.

Lula em entrevista à Rádio Gaúcha nesta quinta-feira, 29 Foto: Reprodução/ YouTube

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“Nem todo mundo é como Lula, que perdeu do Collor e aceitou o resultado, que perdeu duas vezes do Fernando Henrique Cardoso e aceitou o resultado. Vai para casa lamber suas feridas, como dizia Brizola, e se prepara para outra luta.”

Lula fez as declarações após ser questionado sobre o motivo de ele e membros do governo não considerarem o regime de Nicolás Maduro na Venezuela como uma ditadura. “A Venezuela tem mais eleições do que o Brasil. O conceito de democracia é relativo para você e para mim”, afirmou.

O presidente declarou que gosta de democracia e a exerce com plenitude. “O mundo inteiro sabe que a governança do PT é exemplo de exercício da democracia.” “O que não está correto é a interferência de um país dentro de outro”, acrescentou, para tentar se distanciar das críticas à Venezuela.

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Urnas eletrônicas

Ainda sobre Bolsonaro, Lula disse que o ex-presidente critica o sistema eleitoral. A ação em julgamento no TSE trata sobre declarações do ex-chefe do Executivo a embaixadores no período pré-eleitoral no ano passado. Na reunião, ele colocou sob suspeita as urnas eletrônicas sem apresentar provas.

“Você vive em um País que o presidente da República passou, até hoje, criticando a seriedade das urnas eletrônicas. É preciso que a gente fique um pouco atento para a gente não ficar apenas fazendo um refrão sobre coisas que a gente, às vezes, não conhece profundamente”, disse.

Julgamento no TSE

O TSE está no terceiro dia do julgamento do caso de Bolsonaro. A Corte vai decidir se o ex-mandatário usou o cargo e a estrutura do governo para espalhar notícias falsas sobre o processo eleitoral e para fazer campanha na reunião com embaixadores estrangeiros em julho de 2022, enquanto ainda era presidente.

O PDT sustenta que Bolsonaro espalhou um “arsenal de inverdades” com o objetivo de se beneficiar eleitoralmente durante o encontro. A ação cita três motivos para a condenação do ex-presidente: abuso de poder político, abuso de poder no uso dos meios de comunicação e conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais.

De acordo com a defesa de Bolsonaro, o evento, na verdade, foi “um convite ao diálogo público continuado para o aprimoramento permanente e progressivo do sistema eleitoral e das instituições republicanas”.

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