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Lula diz que ‘não enxerga Centrão’ e que vai conversar com senadores e deputados eleitos

Presidente eleito afirmou que vê disposição dos presidentes da Câmara e do Senado em aprovar a PEC da Transição

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Foto do author Lauriberto Pompeu
Atualização:

BRASÍLIA – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou usar o termo “Centrão” ao se referir ao bloco informal de partidos no Congresso que costuma apoiar qualquer governo em troca de cargos e espaço no orçamento. “Não enxergo dentro da Câmara e do Senado essa coisa de Centrão, eu enxergo senadores e deputados que foram eleitos e que, portanto, vamos ter que conversar com eles para garantir as coisas que serão necessárias para melhorar a vida do povo brasileiro”, disse o petista nesta quarta-feira, 9. A fala é uma forma de evitar um discurso contra a classe política, pois o termo rejeitado pelo presidente eleito é normalmente associado ao fisiologismo.

A declaração foi dada após uma reunião com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes. Mais cedo, Lula também encontrou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e ministros do Supremo Tribunal Federal.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concede entrevista a jornalistas após se reunir com o presidente do TSE, Alexandre de Moraes Foto: Sérgio Lima/AFP

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Questionado sobre se iria apoiar a reeleição de Lira e Pacheco no comando das Casas Legislativas, Lula afirmou que não é tarefa do presidente da República interferir em assuntos do internos do Poder Legislativo. “Não cabe ao presidente da República interferir em quem será o presidente do Senado e o presidente da Câmara. Quem vai decidir quem serão os presidentes da Casa serão os senadores e os deputados. O papel do presidente da República não é gostar ou não, é conversar com quem dirige a instituição”. Apesar disso, aliados do petista no Congresso têm trabalhado pela recondução de Pacheco e também avaliam ajudar Lira a ser reeleito.

Ao comentar sobre a reunião que teve nesta quarta com os presidentes do Senado e da Câmara, o petista afirmou que eles se comprometeram em aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que abre espaço fiscal para promessas da campanha do petista, como o pagamento do Bolsa Família de R$ 600 e o aumento do salário mínimo. A estimativa é que cerca de R$ 170 bilhões sejam rompidos do teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior.

O petista evitou falar sobre a expectativa de quando a proposta deve ser aprovada, mas lembrou que o assunto precisa ser resolvido até a segunda quinzena de dezembro, quando o Congresso precisa votar o orçamento de 2023. “O que eu quero agradecer é que houve muita disposição do presidente da Câmara e muita disposição do presidente do Senado de fazer com que as coisas aconteçam com a maior pressa possível. O que é importante é o seguinte, tem um prazo para votar o orçamento”, declarou Lula.

De acordo com o presidente eleito, o seu vice e coordenador da transição, Geraldo Alckmin (PSB), tem negociado com Lira e Pacheco para a aprovação da PEC. “Vamos conseguir aprovar porque há disposição das pessoas aprovarem. Não é um projeto para beneficiar o presidente Lula ou o vice-presidente Alckmin, é um projeto para recuperar a capacidade de investimentos nas coisas essenciais para o povo brasileiro. Vamos fazer com a certeza que será aprovado”, afirmou.

Questionado se já tinha escolhido alguém para ser seu ministro da Fazenda, Lula afirmou que não vai anunciar nenhum nome nos próximos dias e só deve fazer isso após voltar do Egito, onde ele vai desembarcar na próxima segunda-feira, 14, para participar da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP-27). O petista deve retornar ao Brasil no dia 19. “Eu não estou pensando em ninguém. Quando eu voltar do Egito, eu vou começar a pensar na montagem do ministério. E quando eu escolher as pessoas, vocês podem ficar certos que terei todo o interesse que vocês divulguem quem serão as pessoas que eu vou escolher para o governo”.

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