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Lula diz que nenhum deputado é ‘obrigado a votar’ com governo e sugere negociação por projeto

Presidente afirma que o Planalto é que precisa do Congresso para aprovar medidas e que tem de perguntar o ‘partido’ do parlamentar

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Foto do author Sofia  Aguiar

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira, 12, que é o governo que precisa do Congresso e sugeriu que vai testar sua base de apoio a “cada votação”. As derrotas do Planalto do Marco do Saneamento e no PL das Fake News escancaram a crise na articulação política do petista.

“Eles (parlamentares) serão testados em cada votação, cada votação você tem que conversar com todos os deputados, nenhum deputado é obrigado a votar naquilo que o governo quer, do jeito que o governo quer”, disse o presidente durante evento de lançamento de programa de escolas de tempo integral, em Fortaleza (CE).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante evento no Palácio do Planalto Foto: EVARISTO SA / AFP - 9/5/2023

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“O deputado pode pensar diferente, pode fazer uma emenda, querer mudar um artigo e nós temos que entender que isso faz parte do jogo democrático”, disse. “Não tenho que perguntar de que partido ele (deputado) é, tenho que tentar pedir para ele votar em nós.”

Como mostrou o Estadão, Lula mandou pagar R$ 9 bilhões do orçamento secreto negociados pelo antecessor Jair Bolsonaro para acalmar o Congresso. As verbas poderão ser pagas a conta-gotas, conforme o resultado das votações e a fidelidade dos parlamentares. Durante a campanha eleitoral, Lula chegou a dizer que o mecanismo era “a excrescência da política brasileira” e o “maior esquema de corrupção da história”.

Mais cedo, em São Paulo, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Alexandre Padilha, disse que o governo federal já liberou aos parlamentares parte das emendas negociadas por Bolsonaro que estavam “penduradas”. Esse montante, segundo ele, chegou a R$ 4 bilhões

Durante o evento, Lula admitiu que governo ainda não tem uma marca, em mais de 100 dias de gestão. “Ainda não fizemos muita coisa, estamos apenas colocando o tijolo no lugar para começar a fazer a partir de agora”, disse. O evento também contou com a presença do ministro da Educação, Camilo Santana, e do ministro da Casa Civil, Rui Costa.

O investimento previsto para as escolas de tempo integral é de R$ 4 bilhões a Estados e municípios para expandir matrículas nas redes e tem expectativa de ampliar em 1 milhão de matrículas a oferta de tempo integral nas escolas de educação básica do País. A ação é destinada a todos os entes federados, que poderão aderir e pactuar metas junto ao MEC, por meio do Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle (Simec).

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De acordo com nota divulgada pelo Palácio do Planalto, na primeira etapa, o MEC vai estabelecer, junto a Estados e municípios, as metas de matrículas em tempo integral, que oferecem jornada escolar igual ou superior a sete horas diárias ou 35 horas semanais. Os recursos serão transferidos levando em conta as matrículas pactuadas, o valor do fomento e critérios de equidade. O compromisso do governo é alcançar mais de 1 milhão de estudantes.

Críticas a Bolsonaro

No evento, Lula afirmou que Bolsonaro terá que encarar as consequências de seus atos enquanto esteve à frente do Executivo. Ao citar os depoimentos que ex-presidente tem prestado à Polícia Federal, o atual chefe do Executivo comentou sobre a acusação de falsificação do cartão de vacina de covid-19 e disse que Bolsonaro está com “rabinho preso”.

“Agora, ele (Bolsonaro) está dentro de casa com rabinho preso. Está prestando depoimento (à PF). Ele vai saber o quanto foi ruim para ele mentir durante o processo do governo. Até o cartão de vacina ele falsificou”, comentou Lula. “Imagina que qualidade de presidente da República, com pandemia matando 700 mil pessoas e ele falsificou seu cartão de vacina; não é possível.”

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