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Lula diz que orçamento secreto é a ‘maior bandidagem nos 200 anos de República’

Ex-presidente reclamou, durante ato em Diadema, da ingerência do Executivo em cima do Orçamento.

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Por Matheus de Souza
Atualização:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar, em ato em Diadema, na região metropolitana de São Paulo, neste sábado, 9, o orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão. De acordo com o ex-presidente, essa é “a maior bandidagem feita em 200 anos de República”. O Brasil, no entanto, é república desde 1889, portanto, completará 133 anos em novembro. Esse ano, o País comemora em setembro 200 anos da Proclamação da Independência.

Lula faz o conhecido símbolo do L, que simboliza sua pré-campanha, no lançamento do movimento 'Vamos Juntos pelo Brasil' em Diadema. Foto: Nelson Almeida/AFP

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Lula também voltou a reclamar da ingerência do Executivo em cima do Orçamento. Para o petista, que pontuou a importância de se eleger um Congresso favorável ao seu projeto, será necessário sentar com o Legislativo para “colocar ordem na casa” e para que cada Poder fique responsável pela sua própria tarefa. Na sua crítica à atual conjuntura dos Poderes, Lula afirmou que quem administra o Orçamento é o governo, e não o Congresso.

Neste sábado, o Estadão mostrou que os apoiadores da campanha de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na eleição para a presidência do Senado, em fevereiro de 2021, receberam ao menos R$ 2,3 bilhões em emendas do orçamento secreto ao longo do ano passado. A distribuição de verbas ocorreu após a confirmação da vitória do senador, que contou com o aval do Palácio do Planalto.

Lula voltou a sugerir à população a ser beneficiada pela “PEC Kamikaze” que pegue o dinheiro da aprovação da proposta e “na hora de votar, dê uma banana neles e vote na gente”. A PEC, articulada pelo governo para turbinar uma série de benefícios às vésperas das eleições, foi criticada pelo petista, que avaliou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) quer “comprar o voto da população” com a proposta que deve vigorar por apenas seis meses.

“Porque esse fascista pensa que o povo vai ser tratado como ignorante ou gado? Que ele acha que vai comprar dando um programa para seis meses”, afirmou Lula. A proposta deve ser analisada na Câmara nesta terça-feira, 12.

Na esteira de críticas, Lula também voltou a reclamar que, nas suas conversas com o mercado financeiro, sempre é cobrado de compromisso com o teto de gastos. Durante o discurso, o petista voltou a falar que irá derrubar a âncora fiscal.

Lula discursou ainda sobre a necessidade de a população resgatar a bandeira nacional, afirmando que ela “não é de fascista, essa bandeira é de quem trabalha”, em uma alusão ao fato de apoiadores do presidente a usarem como símbolo do bolsonarismo

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Pré-candidato a vice na chapa de Lula, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB) realizou, durante o evento em Diadema, uma série de elogios ao pré-candidato petista ao governo de São Paulo, Fernando Haddad. Esquecendo de antigas rivalidades com o petista, o ex-tucano afirmou que Haddad será “um grande governador do Estado de São Paulo”.

Alckmin elogiou a biografia de Haddad, que já atuou como ministro da Educação e como prefeito da cidade de São Paulo. A atuação do petista na Prefeitura, avaliou o ex-tucano, é vital para o projeto para alcançar o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

O ato em Diadema reuniu PT, PCdoB, PV, PSOL, PSB, Solidariedade e Rede. O evento foi montado para mostrar a unidade do PT e do PSB no Estado que, após meses, conseguiu resolver o impasse em São Paulo com Márcio França (PSB) desistindo de disputar o governo, para receber o apoio dos partidos para concorrer ao Senado.

Após desistir de sua pré-candidatura ao governo do Estado de São Paulo, França discursou ao lado de Haddad, Lula e Alckmin e voltou a afirmar que “combinado é combinado”, ao dizer que o desempenho de Haddad nas pesquisas foi o motivo de sua decisão, apesar de o PT nunca ter “carimbado” esse acordo com o PSB. Com uma série de elogios ao ex-presidente Lula, que França classificou como uma pessoa “iluminada”, o ex-governador pontuou que mesmo que o petista seja o pré-candidato favorito em diversos Estados do País, São Paulo é decisivo para o projeto do PT.

Presidenciáveis disputam eleitorado paulista

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Atualmente, Lula é preferido entre o eleitorado paulista, com 37% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Genial/Quaest divulgada na quinta-feira, 7. Mas o presidente Bolsonaro vem crescendo. Hoje ele tem 32% das intenções, 4 pontos a mais do que no último levantamento realizado em maio.

A diferença entre os concorrentes é menor em São Paulo do que no cenário nacional. O mesmo instituto de pesquisas indica que o petista tem 45% dos votos no País, enquanto o presidente marca 31%. A presença de Lula em eventos no Estado busca aumentar seus números e conter o crescimento de Bolsonaro.

Mas Bolsonaro também age nesse cenário. Na sexta-feira, 8, esteve com seu pré-candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em uma pizzaria na capital paulista, onde encontrou-se com apoiadores.

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No sábado, 9, o presidente participou da Marcha para Jesus em São Paulo. Na ocasião, voltou a dizer que o País enfrenta uma “luta do bem contra o mal” e atacou países da América Latina que possuem governos à esquerda.

Corrida pelo governo de São Paulo

Os evento de pré-campanha de Haddad junto com Lula servem para reforçar a pré-candidatura petista pelo governo de São Paulo. Segundo a última pesquisa Genial/Quaest, Haddad lidera a corrida com 35% das intenções de voto, mais do que o dobro registrado para o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), que ocupa a segunda posição com 14%. O atual governador Rodrigo Garcia (PSDB) tem 12%.

Tanto Haddad quanto Garcia se beneficiaram com a saída de Márcio França (PSB) da corrida eleitoral pelo Palácio dos Bandeirantes. O ex-governador confirmou sua desistência na sexta-feira, 8, e deve concorrer ao Senado. Ele declarou apoio ao petista e também esteve no evento de sábado.

No entanto, o levantamento Genial/Quaest mostrou que aumentou a preferência do eleitor por um candidato ligado a Bolsonaro (PL). 27% dos entrevistados disseram preferir que o próximo governo seja “mais ligado” ao presidente; em março, eram 22%. /COLABOROU RUBENS ANATER

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