Lula diz que só fará reforma ministerial se houver uma ‘catástrofe’ e compara equipe a Corinthians

Presidente afirmou ainda que não recebeu pedido de Arthur Lira para trocar ministros do governo ou indicar novos nomes

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Foto do author Eduardo Gayer

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descartou que fará uma reforma ministerial para atender ao pedido do Centrão que vinha reclamando da articulação política do governo. Em conversa com jornalistas no Palácio do Itamaraty, o petista ainda negou que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tenha pedido controle de ministérios em troca da aprovação da Medida Provisória (MP) da reestruturação da Esplanada, aprovada no Congresso às vésperas de caducar.

“Não está na minha cabeça fazer reforma ministerial. A menos que aconteça uma catástrofe que eu tenha que mudar. Mas por enquanto, o time está jogando melhor que o Corinthians”, brincou Lula.

O presidente Lula descartou fazer no momento uma reforma ministerial para atender ao Centrão Foto: André Borges / EFE

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De acordo com o presidente, Lira não pediu ministérios “e nem poderia pedir”. “O PP [sigla de Lira] é um partido de oposição e tem gente que vota com a gente. O PP já teve ministro com o PT, o PP teve dois ministérios no governo da Dilma. Não é problema. Se ele pedisse, a gente vai avaliar, mas até agora eu não ouvi o Lira pedir”, declarou o presidente.

Lula minimizou a dificuldade nas articulações com a Câmara e disse que o processo de negociação é natural. “Aquela Casa é assim. Você vai conversando com os líderes, vai conversando com as pessoas, vai mostrando a importância daquilo… Porque o que acontece não é importante para mim, é importante se causar benefício para o povo brasileiro”, disse o petista.

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Depois de ver a MP 1154 dos Ministérios aprovada somente após um acordo com o Centrão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Congresso “não tem obrigação” de chancelar tudo o que o governo deseja.

“Neste governo, respeitamos o Congresso, que não pode ser submisso. O Congresso não tem obrigação de aprovar o que eu quero”, disse Lula, em coletiva de imprensa no Palácio do Itamaraty, após se encontrar com o presidente da Finlândia, Sauli Niinisto. “Conseguimos ontem aprovar a organização do governo com mais votos do que a gente esperava”, acrescentou o presidente.

De início, o presidente mostrou resistência em comentar a relação com a Câmara, em crise. “Quando a gente fala demais, pode queimar a língua”. Em sinal de pacificação com os parlamentares, no entanto, Lula afirmou que deputados e senadores têm direito de apresentar emendas a uma medida provisória editada pelo Executivo. “E nem sempre estará errado”, comentou.

Na visão de Lula, a imprensa “passou a ideia de que o governo estava destruído e seria massacrado”. “É preciso compreender a natureza da política, que não é ciência exata”, seguiu o presidente, que não considerou na sua avaliação os duros recados enviados ao Palácio do Planalto pelo presidente da Câmara que só deu aval à aprovação do texto após ele próprio garantir mudanças na articulação política do governo.

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“Ontem foi importante e é o que vai acontecer durante todo meu mandato”, acrescentou o presidente, referindo-se a composições entre Executivo e Legislativo para o andamento das pautas.

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