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Análises fora da bolha

Lula é o PT, Anitta

A cantora tenta induzir até quem não gosta do PT a votar em seu poderoso chefão

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Foto do author Felipe Moura Brasil

Anitta publicou uma foto com a estrela do PT no bumbum, após declarar apoio a Lula.

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Mas tuitou: “não sou petista e não quero nenhum candidato do PT usando meu nome”; “meu papel é trazer engajamento e mídia para a pessoa que tem mais chances de vencer Voldemort”; “se essa pessoa é o Lula, assim será”.

Voldemort, o maior antagonista de Harry Potter na série de livros infantojuvenis de J.K. Rowling, é o líder do grupo de bruxos malvados Comensais da Morte. Ele não tem empatia, motivo pelo qual já vinha sendo associado a Jair Bolsonaro.

Em país sempre disposto a trocar de precipício, porém, a propaganda personalista de Anitta pode ajudar a separar Lula e PT, removendo dele os desgastes de sua máquina de operação e acobertamento.  Foto: Nina Prommer/EFE/EPA

Em 2018, em comício de Fernando Haddad, o rapper Mano Brown criticou a atuação dos petistas, dizendo que “a comunicação é alma”. “Se não conseguir falar a língua do povo, vai perder mesmo. Falar bem do PT para torcida do PT é fácil. Tem uma multidão que precisa ser conquistada ou vamos cair no precipício.”

Anitta usou o bumbum como outdoor pró-Lula para falar a língua do povo. “Quero que as pessoas antipetistas como eu enxerguem o que eu enxerguei. E, se eu não ressaltar que essa é minha visão política, eu não estarei comunicando com quem não gostaria de votar no PT. Só estaria falando com quem já é favorável... e isso é chover no molhado”, esclareceu ela, explicando sua estratégia.

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A função da cantora na campanha lulista, portanto, é induzir até quem não gosta do PT a votar em Lula, o poderoso chefão do partido do mensalão e do petrolão, escândalos do tempo em que a corrosão da democracia era mais dissimulada.

Lula, naturalmente, jamais atuou para expulsar do PT os membros envolvidos em ambos os esquemas, nem para impedir que os parlamentares petistas se aliassem aos bolsonaristas para aprovar jabutis no pacote anticrime, afrouxamento da Lei de Improbidade, fundão eleitoral de R$ 4,9 bilhões e PEC do Desespero.

Em todos os casos, o partido seguiu as necessidades de Lula, que só se distingue de Bolsonaro em matéria de torrar e distribuir dinheiro dos outros por afetar maior preocupação com os pobres (enquanto usa jatinhos e suíte presidencial pagos com verba pública do Fundo Partidário) e creditar a si próprio o período de bonança em seus mandatos (decorrente do Plano Real que ele combateu e da alta das commodities no mercado externo), implodido no governo de sua criatura, Dilma Rousseff.

Em país sempre disposto a trocar de precipício, porém, a propaganda personalista de Anitta pode ajudar a separar Lula e PT, removendo dele os desgastes de sua máquina de operação e acobertamento. Fantasias juvenis, ela já mostrou que sabe explorar.

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