LISBOA, ESPECIAL PARA O ESTADÃO – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu na tarde desta sexta-feira, 18, em Lisboa com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa (PSD). À noite, Lula irá jantar com o primeiro-ministro, António Costa (PS).
Lula, que estava no Egito, onde participou da COP 27, fez essa escala na capital portuguesa, onde fica até este sábado, 19, por razões diplomáticas. A Marcelo Rebelo, o presidente eleito pretendia reafirmar que dará prioridade às tradicionais relações amigáveis entre Brasil e Portugal. Já ao primeiro-ministro, Lula deverá agradecer o apoio explícito dado a ele por Costa durante a campanha eleitoral, além de tratar de temas bilaterais.
O governo de Costa tem sido um defensor, junto à União Europeia (UE), em Bruxelas, da ratificação do acordo de livre comércio Mercosul-UE, assinado em junho de 2019. O acordo, que precisa ser aprovado pelo Parlamento dos 31 países envolvidos, ficou paralisado durante o governo Bolsonaro – alvo de críticas de líderes europeus, sobretudo pelo aumento do desmatamento da Amazônia.
“Portugal é um país irmão e importante parceiro na Europa”, disse Lula nesta sexta-feira, em uma de suas redes sociais, antes de embarcar para Lisboa. “Vamos retomar diálogos para o melhor de nossos povos”, completou Lula. O presidente eleito também conversou alguns minutos, junto com Marcelo Rebelo, com o presidente de Moçambique, Filipe Nyesi.
No mesmo jatinho identificado como pertencente ao empresário da área de medicina privada, José Seripieri Filho, Lula pousou em Lisboa pouco depois do meio dia e seguiu para o bairro de Campo de Ourique. Ele almoçou no restaurante Cícero, um bistrot-galeria, de brasileiros, cuja decoração homenageia o artista plástico pernambucano Cícero Dias.
Segundo informações do restaurante, Lula comeu camarão vermelho e robalo, ao molho de dendê e leite de coco, acompanhado por arroz com salsa. O prato custa 29 euros. O presidente eleito posou para fotos com a equipe do bistrot e ganhou um quadro emoldurado. Um grupo de apoiadores se formou do lado de fora e aplaudiu o presidente eleito quando ele saiu.
Essa é a primeira visita feita pelo presidente eleito a um chefe de Estado e de governo, o que indica uma deferência especial a Portugal, onde vive hoje a maior colônia brasileira na Europa e onde Lula obteve em 2022 o dobro de votos dos conferidos a Bolsonaro.
Neste sábado pela manhã está previsto um encontro de Lula com a comunidade brasileira no Instituto Universitário de Lisboa (Iscte). São esperadas mais de 200 pessoas.
Mesmo minoritários, os bolsonaristas se mobilizaram, via redes sociais, para protestarem contra a vitória de Lula. Nesta sexta, alguns deles foram até o Palácio de Belém, assim como petistas, em maior número.
Por alegadas razões de segurança, a agenda de compromissos oficiais de Lula só foi divulgada à imprensa poucas horas antes de sua chegada. Diante da repercussão negativa no Brasil de suas declarações contrárias ao teto de gastos e da carona no jatinho, o presidente eleito saiu do Egito sem falar com os jornalistas.
É esperado que ele dê alguma declaração no encontro à noite com António Costa. Na imprensa portuguesa, a rápida visita de Lula, que teve direito a escolta oficial com batedores, é vista como reaproximação entre os dois países depois do distanciamento ocorrido durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que nunca fez uma visita oficial ao país. Bolsonaro chegou a cancelar um almoço com Marcelo Rebelo porque o presidente de Portugal, ao visitar o Brasil em meados deste ano, havia marcado também com o então candidato Lula.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.