ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM - Para participar do ponto alto da agenda de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na China, o encontro com o presidente Xi Jinping, toda a comitiva brasileira precisou fazer nesta quinta-feira,13, um teste de covid-19, incluindo o presidente e a imprensa.
Os testes foram realizados nos hotéis em que a comitiva brasileira está hospedada, em Xangai e Pequim. Lula chegou a Pequim por volta das 23 horas (hora local) de hoje. O encontro entre os dois presidentes será na tarde desta sexta-feira, 14, no Grande Palácio do Povo. Antes de XI Jinping, Lula tem reunião com o Primeiro-Ministro da China, Li Qiang. O primeiro dia da visita oficial na China se dividiu entre a política e a economia; incluindo a posse da ex-presidente Dilma Rousseff à frente do banco dos Brics e a visita a um centro de pesquisa da Huawei. Neste compromisso, aliás, o presidente e a primeira dama, Janja, foram recepcionados ao som de ‘Garota de Ipanema’, composição de Tom Jobim e letra de Vinicius de Moraes - uma das músicas mais conhecidas do Brasil no mundo.
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Posse de Dilma e o dólar
Em seu primeiro discurso na China, o presidente Lula defendeu o combate à pobreza e as reformas de organismos multilaterais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), e afirmou que o Brasil “está de volta” ao cenário internacional após uma “inexplicável” ausência. O petista discursou na cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, que também é conhecido como o banco dos Bris – sigla formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Em sua fala, o presidente questionou o motivo pelo qual os países precisam do dólar para lastrear seus negócios. “Toda noite me pergunto por que todos os países estão obrigados a fazer o seu comércio lastreado no dólar. Por que não podemos fazer nosso comércio lastreado na nossa moeda? Por que não temos o compromisso de inovar? Quem é que decidiu que era o dólar a moeda, depois que desapareceu o ouro como paridade”, afirmou.
Lula disse que o Banco dos Brics “tem um grande potencial transformador”, pois “liberta os países emergentes da submissão às instituições financeiras tradicionais”.
“As necessidades de financiamento não atendidas dos países em desenvolvimento eram e continuam enormes”, disse Lula, defendendo “reformas efetivas” das instituições financeiras tradicionais, como uma forma de aumentar os volumes e as modalidades de empréstimos.
Além dos quatro novos membros que ganhou no passado recente – Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai –, Lula disse que “vários outros” estão em vias de adesão. “E estou certo de que a chegada da presidenta Dilma contribuirá para esse processo”, afirmou.
Garota de Ipanema
Em seu segundo compromisso oficial na China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa de tecnologia Huawei na manhã desta quinta-feira, 13, em Xangai (tarde de quinta no horário local). A visita ocorreu horas após o petista ter discursado na cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o banco dos Brics, na mesma cidade.
Lula e integrantes da comitiva brasileira na China foram recepcionados com uma exposição sobre a presença da empresa chinesa no Brasil. O presidente estava acompanhado pela primeira-dama, Janja, pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pelo CEO da companhia, Liang Hua.
Mais cedo, durante a cerimônia de posse de Dilma no NBD, Lula questionou o uso do dólar como moeda para negócios entre países e defendeu o lastreamento em real. “Toda noite me pergunto por que todos os países estão obrigados a fazer o seu comércio lastreado no dólar. Por que não podemos fazer nosso comércio lastreado na nossa moeda?”, disse. O presidente também afirmou que o banco dos Brics “liberta” os emergentes das “amarras” das instituições financeiras globais e voltou a usar o slogan “o Brasil voltou”.
Em Pequim, pela manhã, Lula se encontrará com o líder do Parlamento da China e, à tarde, com o presidente Xi Jinping.
Visita a montadora
O presidente também se reuniu com o CEO da empresa de veículos elétricos BYD, Wang Chuanfu. A companhia chinesa negocia uma fábrica de automóveis elétricos em Camaçari, na Bahia.
Na reunião, acompanhada por ministros e governadores que estão na comitiva, o CEO da empresa falou sobre as políticas chinesas que permitiram o desenvolvimento na China de uma indústria de veículos elétricos, tanto de carros de passeio para ônibus de transporte público. O governador da Bahia, Jeronimo Rodrigues (PT), participou do encontro.
O govenador chegou à China antes da comitiva de Lula e visitou no domingo, 9, duas fábricas da BYD, uma que fabrica carros elétricos e outra que faz ônibus elétricos. As duas unidades produzem mais de 400 mil veículos por ano. “Vamos batalhar para levar essa indústria para Bahia”, declarou.
Infraestrutura
Lula também participou de reunião com o presidente da China Communications Construction Company (CCCC), Wang Tog. O executivo disse que estaria disposto a criar mecanismos de troca direta entre o yuan, a moeda chinesa, e o real. O acordo seria uma forma de facilitar transações financeiras entre os dois países. No Brasil, a CCCC investe em obras de infraestrutura, como a construção da ponte Salvador-Itaparica. Lula foi acompanhado na reunião por ministros, incluindo o da Fazenda, Fernando Haddad, e cinco governadores, entre eles o da Bahia.
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